O futuro é agora: Gaston e Korda são dois dos heróis improváveis (e históricos) de Roland-Garros

Há 18 anos que nenhum jogador fora do top 200 ATP chegava aos oitavos de final de Roland-Garros. Esta sexta-feira, quis a história que o feito se repetisse não por uma, mas duas vezes: Hugo Gaston e Sebastian Korda não são nomes totalmente novos para os mais atentos, mas estão a “explodir” na terra batida parisiense — e com as vitórias aumentam os níveis de esperança de duas grandes nações…

Nascido em Toulouse, o francês destacou-se consideravelmente como júnior (chegou ao segundo lugar do ranking mundial e venceu o Orange Bowl e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude), mas não conseguiu passar a papel químico o sucesso para o circuito profissional. Deu os passos necessários, mas precisou do seu tempo, de tal maneira que chegado a Paris só contabilizava uma meia-final em Challengers (no mesmo torneio em que atingiu os primeiros quartos de final) e na “primeira divisão” ainda não tinha nenhuma vitória.

Derrotar o compatriota e também wild card Maxime Janvier na primeira ronda (7-6[5], 6-4 e 6-3) foi, por isso, uma justificada festa, só superada pel’ainda mais notável vitória contra Yoshihito Nishioka (6-4, 7-6[4], 3-6 e 6-2) na ronda seguinte… Ou assim se pensava.

Número 239 do ranking ATP, Hugo Gaston já mais do que tinha “justificado” a aposta da sua federação e aproveitado a oportunidade quando pisou o Court Suzanne-Lenglen (o segundo maior do complexo) para defrontar o ex-campeão Stan Wawrinka. O helvético realizou duas primeiras rondas bastante convincentes e por isso até já se falava de um super-duelo nos oitavos de final (já lá vamos…), mas o francês tinha fome de mais. E foi à procura de mais. E conseguiu mais.

Com o apoio de 750 sortudos compatriotas que conseguiram alguns dos bilhetes sorteados (antes do torneio houve 5000 compradores, mas o limite máximo foi reduzido pelas autoridades de saúde), o pequenino Hugo Gaston foi gigante e alinhou a exibição da (ainda curta) carreira para derrotar o campeão de 2015 por 2-6, 6-3, 6-3, 4-6 e um autoritário 6-0 como carimbo final, num encontro em que tirou partido da interrupção causada pela chuva e as condições de jogo, mais lentas, que dela resultaram para seguir em frente. O “prémio” é o tal encontro com o finalista das últimas duas edições, que é também o mais recente campeão de torneios do Grand Slam — nada mais, nada menos do que Dominic Thiem.

Nascido do outro lado do globo, em Bradenton, na Flórida, Sebastian Korda (213.º do ranking) também elevou o nome a patamares inéditos na jornada desta sexta-feira. Filho de um ex-campeão, Petr Korda (vencedor do Australian Open em 1998), deu muito que falar ao replicar a vitória do pai, mas no torneio júnior, em 2018. Tal como o francês, também chegou a Roland-Garros sem vitórias em torneios do circuito, mas jogou duas finais de torneios Challenger na segunda metade do último ano.

Passar o qualifying era um objetivo, mas não um dado adquirido, e fê-lo com distinção: três vitórias em sets diretos. E o melhor estava guardado para a semana do quadro principal: embalado pelos primeiros dias em Paris, o norte-americano bateu Andreas Seppi (6-2, 4-6, 6-3 e 6-3), o compatriota John Isner (6-4, 6-4, 2-6 e 6-4) e o espanhol Pedro Martinez (6-4, 6-3 e 6-1) para chegar aos oitavos de final.

O sucesso tem um preço e o de Sebastian Korda será defrontar o melhor jogador da história de Roland-Garros: Rafael Nadal, o seu grande ídolo e a razão pela qual o seu gato se chama… Rafa.

O futuro é agora.

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