Mischa Zverev chorou “como nunca” com a final do US Open e agora é o próximo adversário de Nuno Borges no Porto Open

PORTO — No mesmo dia em que Alexander venceu em Paris, Mischa triunfou no Porto. O mais novo chegou recentemente à primeira final da carreira em torneios do Grand Slam e está a competir em Roland-Garros. O mais velho quis jogar em piso rápido e por isso voou para Portugal. Os 1.500km de distância não os separam e nem a minutos de entrarem em court perdem a ligação.

A aproveitar os últimos anos da carreira como tenista profissional que o levou aos quartos de final do Australian Open (derrotou o número 1 Andy Murray) e dos Masters 1000 de Roma e Xangai, bem como a três finais ATP (venceu uma, em Eastbourne 2018), Mischa Zverev pratica um ténis clássico, apoiado num serviço-volley vintage e uma pancada de slice que obriga os adversários a dobrarem excessivamente os joelhos, e tem um discurso cativante que evidencia a paixão que persegue desde que começou a jogar ténis em Moscovo, onde nasceu.

Ao Raquetc explicou-a assim: “Adoro jogar. Mesmo se as pessoas não o percebem quando estou no court, porque não transpareço emoções, continuo a adorar jogar e todo o ambiente. Para mim trata-se de um jogo. E quer jogue aqui, quer jogue em Roland-Garros é um jogo, e se o adoras, então adoras jogá-lo onde quer que seja.”

A viagem a Portugal deu-se porque quis fugir ao pó de tijolo: “Queria jogar em piso rápido e era o único país na Europa com torneios nesta superfície. Para além disso, adoro Portugal e não é muito longe de casa. Infelizmente o primeiro torneio, em Castelo Branco, não me correu bem, mas foi muito agradável. O hotel fica no meio das montanhas e houve um dia em que fui correr e vi o castelo”, revelou, visivelmente entusiasmado com o primeiro regresso ao Norte do país desde que participou no histórico Maia Jovem, há duas décadas.

Agora, no Porto, parece outro jogador. De tal forma que esta quarta-feira se estreou com uma vitória muito autoritária e convincente sobre o campeão em título, Pablo Vivero Gonzalez. Mas o alemão é reservado nos objetivos: “Ainda não pensei nisso [o título], porque por causa de toda esta situação já não compito há muito tempo e neste momento só quero fazer alguns encontros para perceber como é que estou. Treinei muito bem, mas depois fui para a terra batida e a seguir o meu pai ficou doente, por isso não treinei nada durante algumas semanas, e agora preciso de reencontrar o ritmo. Acho que está a acontecer o mesmo com todos — precisamos de competir para perceber como é que estamos.”

Após a vitória, o alemão de 33 anos ficou a saber que vai ter pela frente a grande estrela da casa, Nuno Borges, que há dois meses conquistou, neste mesmo Complexo Desportivo do Monte Aventino, o título de campeão nacional absoluto. Mas o encontro a que estava mais atento terminou minutos antes de entrar em court: em Paris, a 1.500km de distância, o irmão Alexander Zverev livrou-se de mais um susto e deixou para trás o francês Pierre-Hugues Herbert, com 2-6, 6-4, 7-6(5), 4-6 e 6-4 depois de 4h02.

“Vi o encontro todo. Estava na sala a aquecer e a alongar enquanto via e fiquei muito feliz por terminar antes do meu encontro começar, foi um bom timing, revelou entre sorrisos.

E como não poderia deixar de ser, na ressaca da chegada do irmão mais novo à final do US Open foi esse um dos assuntos falados… Com muitas emoções à mistura: “Foi extremamente emocional. Precisei de dois ou três dias para recuperar daquela final. Quando acabou estava em lágrimas, chorei como nunca porque foi muito difícil vê-lo perder. Ele merecia ganhar. Ambos mereciam, porque jogaram bem e foi um encontro muito equilibrado. Foi pior do que um filme! Eles tornam os filmes muito dramáticos, mas isto foi ainda pior porque foi real. Mas no geral é claro que fiquei muito feliz e muito orgulhoso.”

Agora, os próximos desafios. Para Alexander “Sascha” Zverev segue-se um dia de descanso antes de defrontar Marco Cecchinato na terceira ronda de Roland-Garros, enquanto Michael “Mischa” Zverev regressa aos courts do Monte Aventino já esta quinta-feira, para disputar um lugar nos quartos de final do Porto Open com Nuno Borges.

E o mais provável é o mais novo acompanhar ao minuto o encontro do mais velho…

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