Em “completo isolamento” em Caiobá, no litoral do Paraná, Brasil, devido ao coronavírus, Gastão Elias falou com os seguidores através da rede social Instagram e entre questões divertidas, recordações de uma já longa carreira e a boa disposição que lhe é característica também falou do que tem feito para se manter ativo e deixou várias recomendações.
“O mais importante neste momento é acabarmos com este vírus o mais rápido possível para voltarmos à atividade porque o ser humano não foi feito para isto”, afirmou o jogador natural da Lourinhã antes de explicar que viajou de Miami, onde vive, para o Brasil, de onde é toda a família da mulher, Isabela Miró, “porque era um dos países menos afetados”.
Questionado pelo Raquetc, Gastão Elias contou como tem trabalhado agora que a realidade é outra. “Tenho a sorte de estar numa casa com algum espaço e isso já ajuda muito. Sei que a maioria das pessoas não tem essa sorte. Em relação ao plano de treinos é complicado, estou em contacto diariamente com o meu preparador físico [Cassiano Costa], que está na Flórida e me envia treinos todos os dias.”
“Acho que nesta fase anda não faz grande sentido treinar ténis e mesmo que fizesse sinceramente seria complicado porque os clubes já estão todos fechados e não podemos sair. E acho no caso de um jogador de ténis como eu e outros profissionais que já levam dezenas de anos disto ninguém desaprende a jogar. É uma questão de manter a boa forma física e é claro que quando o circuito voltar o pessoal vai estar um bocadinho enferrujado em termos de competição e nervosismo mas é uma coisa que faz parte. O nível de ténis não vai demorar muito a voltar, é uma questão de uma ‘semaninha’ ou outra e volta tudo ou normal”, acrescentou o ex-número 57 ATP, atual 532 depois de dois anos perturbados por várias lesões.
Há aspetos que o preocupam mais: “É complicado é em termos financeiros. Obviamente que para os jogadores que estiveram ou estão lá em cima há muitos anos é mais fácil e tranquilo, agora para os de um nível mais baixo, que estão em Challengers ou, pior, em Futures é mais complicado porque se não dá para competir não dá para trabalhar, e sei que muitos dão aulas para pagar as viagens. É um momento complicado para o nosso desporto — para o nosso não, para todos, basicamente.”
Na reta final de uma transmissão em direto que se prolongou por quase uma hora, Gastão Elias voltou a ser questionado por um seguidor sobre exercícios que se possam fazer em casa e deixou algumas recomendações: “Depende muito do que tens disponível. Acredito que muitos de vocês, como eu, não tenham pesos, alteres ou máquinas disponíveis em casa e o treino físico funciona muito à base do peso do corpo. Tem de se fazer muito exercício de mobilidade porque com esta quarentena as pessoas tendem muito a ficar paradas o dia todo numa posição, por isso acho muito importante fazer todos os dias mobilidade nas articulações. Se tiveres a sorte de estar em quarentena numa casa com algum espaço é bom fazeres uns exercícios de movimentação e agilidade. Dá para brincar um pouco com tudo, só é precisa imaginação.”