Rui Machado sobre Pedro Sousa: “Conseguiu aproveitar uma oportunidade que não existe todas as semanas”

A campanha em Buenos Aires não surpreendeu mas não há dúvidas de que chegou em boa hora e aproxima objetivos que já estavam definidos. Quem o disse foi Rui Machado, o Coordenador Técnico Nacional e treinador de Pedro Sousa, que falou com o Raquetc sobre a semana histórica do ex-colega de circuito e agora pupilo.

“Foi uma semana histórica para a carreira dele. Costumamos dizer que a sorte procura-se e dá muito trabalho e o que aconteceu foi que o Pedro conseguiu aproveitar uma oportunidade que não existe todas as semanas. Ele meteu em campo muitas das coisas que tem vindo a melhorar nos últimos tempos”, analisou o algarvio a caminho do Rio de Janeiro, onde estará a acompanhar o lisboeta.

Questionado sobre o talento e as expetativas que desde cedo acompanham a carreira de Sousa, Machado explicou que “desde que ele começou a trabalhar no Centro de Alto Rendimento que tentamos fugir dessa questão porque a nossa interpretação do talento é um pouco diferente da da maioria das pessoas. Preferimos focar-nos mais no processo e naquilo que é a evolução do seu jogo e não tanto no aproveitamento do talento. Mas obviamente que sempre soubémos que é um atleta que podíamos potenciar a um nível diferente daquele a que estava habituado e esta semana foi mais uma com um excelente resultado. Já tinha tido algumas nos últimos anos mas obviamente que uma final ATP é uma final ATP.”

E inevitavelmente que a chegada ao encontro decisivo do ATP 250 de Buenos Aires e a consequente subida no ranking (de 145.º para 107.º) têm influência no calendário dos próximos tempos. Mas não muita: “O top 100 era claramente o objetivo para o primeiro semestre do ano e ter-se aproximado significa que poderá estar mais perto de jogar alguns dos maiores torneios e alguma mudança de calendário mas não de forma radical porque já tínhamos planeado algumas participações em torneios ATP.”

E quem diz torneios ATP diz… Jogos Olímpicos. “Já estavam no nosso horizonte, aliás desde que o ranking começou a contar [para a qualificação olímpica] que tínhamos esse objetivo presente. O cut-off é no dia 8 de junho e os Jogos Olímpicos são algo que o Pedro sonha em jogar. Se conseguir chegar lá será um motivo de grande felicidade para ele e também para os portugueses.”

Sobre aquela que foi a outra figura em destaque ao longo da semana em Buenos Aires — o espanhol Rubén Ramirez Hidalgo —, Rui Machado contou que a oportunidade surgiu de forma natural.

“O Rubén é uma pessoa que eu já conheço há muitos anos, foi meu colega de circuito e tinha uma excelente relação com ele. O Pedro também já o conhecia e dada a proximidade que temos surgiu esta solução. Ele tem um perfil que se encaixa na nossa filosofia de trabalho — aliás, a minha filosofia tem sido muito apoiada naquilo que é a filosofia de trabalho dos espanhóis, muito no trabalho e no espírito de sacrifício. E como era uma linha que considerávamos boa para o Pedro e porque não o conseguimos acompanhar em todas as semanas foi uma escolha fácil.”

E porque o regresso de Portugal à Taça Davis está aí à porta, o capitão da equipa lusa na competição não deixou dúvidas de que “é sempre importante os jogadores chegarem com confiança e tanto o Pedro, como o João Domingues e o Frederico Silva têm feito bons resultados neste início de época. O João Sousa é o nosso número um, já nos habituou a vê-lo superar muitas dificuldades e agora enfrentou mais uma mas está muito perto de poder ultrapassar esta barreira.”

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