Thiem perto da perfeição derrota Nadal e marca duelo de amigos nas meias-finais

A ameaça já tinha sido feita e menos de um ano e meio depois concretizou-se: Dominic Thiem derrotou pela primeira vez Rafael Nadal em torneios do Grand Slam para chegar às meias-finais do Australian Open. Segue-se outro duelo muito entusiasmante frente ao amigo Alexander Zverev, estreante nestas andanças.

Com 4 vitórias e 9 derrotas no frente a frente à partida para o duelo desta quarta-feira, o austríaco roçou a perfeição em vários momentos e derrotou o espanhol por 7-6(3), 7-6(5), 4-6 e 7-6(6).

É a quinta vez que Thiem avança para as meias-finais de um torneio do Grand Slam, primeira longe da terra batida de Paris. Quanto a Nadal, falhou a defesa dos pontos alcançados com a chegada à final em 2019 e deixou por dar o passo que lhe garantia a permanência no topo do ranking — agora só lhe resta esperar que Novak Djokovic não revalide o título.

Depois de ter ficado à porta da primeira vitória em piso rápido e torneios do Grand Slam frente a Nadal — o espanhol sobreviveu a uma batalha épica de 4h49 que só terminou às 2h04 da manhã em Nova Iorque para chegar às meias-finais do US Open de 2018 —, Thiem conseguiu finalmente “fazer o check” graças a uma prestação apoiada num ténis extremamente ofensivo e corajoso, a única fórmula possível de derrotar o atual número um do mundo.

Conhecido por deter uma das melhores esquerdas do circuito, o jovem austríaco conseguiu criar muitas dificuldades a Nadal com essa pancada mas também se destacou com a direita, sendo inteligente e assertivo ao ponto de pressionar por diversas vezes o lado direito do court do espanhol (quer com pancadas ao longo da linha quer cruzadas ao fugir à esquerda), retirando tempo ao melhor shot do adversário para ganhar muitos dos pontos que decidiram um encontro pautado pelo equilíbrio.

Se Thiem impressionou pela positiva quer do ponto de vista tático quer psicologicamente (não perdeu a motivação quando ficou a perder por um break nos dois primeiros sets nem depois de perder uma terceira partida “morna” que lhe fugiu graças a um jogo de serviço desastroso nos últimos instantes), Nadal revelou sinais muito atípicos — talvez até inéditos — de descontentamento.

O espanhol ficou particularmente afetado com uma advertência de tempo depois de uma troca de bolas prolongada, distraiu-se com uma avaria na ventoinha junto ao banco em que se sentou durante as trocas de lados e sobretudo deixou escapar várias caras e gestos de frustração entre pontos, uma atitude muito pouco habitual no jogo de Nadal e que espelhou a forma como Thiem conseguiu tomar as rédeas do encontro. Em suma, jogou demasiado bem para o líder do ranking o conseguir contestar.

Se da metade inferior do quadro sairá um finalista já bem conhecido (Djokovic tem sete finais disputadas e todas ganhas, Roger Federer o mesmo número de decisões mas menos um título), a metade superior dará a conhecer um novo protagonista em finais do Australian Open.

Zverev procura a primeira final da carreira a este nível, ele que já venceu o ATP Finals, enquanto Thiem quer chegar ao “tri” (jogou as duas últimas de Roland Garros). Será um duelo entre bons amigos para o qual o austríaco parte em vantagem no frente-a-frente: venceu seis dos oito encontros disputados e dois dos três em piso rápido.

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