Federer lesiona-se, salva sete match points e completa recuperação épica na Austrália

O impensável aconteceu: dois dias depois de derrotar John Millman in extremis, Roger Federer lesionou-se e esteve com um pé e meio fora do Australian Open mas salvou sete match points e completou uma reviravolta bombeada pela força de vontade para chegar pela 16.ª vez na carreira às meias-finais. Segue-se, muito possivelmente, Novak Djokovic.

Num encontro que ganhou contornos épicos, o tenista suíço de 38 anos entrou bem frente a Tennys Sandgren mas depois de um começo tranquilo que lhe permitiu adiantar-se no marcador começou a acusar graves problemas físicos no decorrer da segunda partida. Daí para a frente revelou cada vez mais dificuldades na execução do serviço e na movimentação (sobretudo para o lado direito), chegando a recolher aos balneários para ser assistido em pleno terceiro set.

Mas Federer nunca baixou os braços, contrariou a tendência do segundo e terceiro parciais e passou de corpo-presente a crente em milagres para vencer um quarto set recheado de emoção em que “viu a morte” por sete vezes. Os match points desperdiçados atormentaram o norte-americano — o número 100 do ranking que entretanto também viveu um momento atípico ao sofrer de um choque com uma apanha-bolas que lhe acertou com o joelho na coxa — e o ascendente do encontro alterou-se por completo.

Persistente, Roger Federer deixou para trás todos os indícios de dor e dificuldades e dominou a partida decisiva, em que conseguiu quebrar ao sexto jogo para agarrar definitivamente a vitória que minutos mais tarde assinou com os parciais de 6-3, 2-6, 2-6, 7-6(8) e 6-3.

Foi a 1242.ª vitória de uma carreira feita de 1512 encontros que nunca terminaram numa desistência.

Consciente da própria sorte, Roger Federer foi rápido a reconhecer que “hoje tive muita sorte, não merecia ganhar este mas aqui estou eu e estou muito, muito feliz“, partindo depois para uma curta mas esclarecedora partilha sobre o que o afetou durante o encontro: “Comecei a sentir a minha virilha e a minha perna. Nunca gosto de chamar o fisioterapeuta porque é um sinal de fraqueza que dou ao adversário.”

Se para Federer a noite é de celebração e descanso, para Sandgren a digestão será difícil de fazer: o norte-americano esteve não por sete vezes a um ponto de chegar pela primeira vez às meias-finais de um torneio do Grand Slam mas, também, de duplicar o cheque com que se despede na Austrália — vai receber cerca de 300 mil euros pela chegada aos quartos de final enquanto as meias-finais lhe dariam mais de 600 mil euros.

Nas quadragésimas sextas meias-finais da carreira em Majors, décimas quintas no Australian Open, Roger Federer vai ter pela frente o vencedor do último duelo da jornada: ou o canadiano Milos Raonic ou o campeão e recordista de títulos (sete) Novak Djokovic.

Última atualização às 08h17.

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