Nadal supera Kyrgios endiabrado numa fotocópia de Wimbledon e mantém-se na rota do título

Era o encontro do dia e não desiludiu: Rafael Nadal e Nick Kyrgios deram espetáculo num encontro recheado de emoções e homenagens ao basquetebolista Kobe Bryant, que faleceu este domingo num acidente de helicóptero, até que o espanhol confirmou o favoritismo e seguiu para os quartos de final. Já só está a uma vitória de segurar o estatuto de número um do mundo.

Desde a entrada do australiano em court com uma camisola dos LA Lakers (a equipa de Kobe Bryant durante toda a carreira) à entrevista do espanhol com um chapéu da equipa foram muitos os momentos dedicados à estrela norte-americana, considerado um dos melhores jogadores da história e admirado de forma unânime por todos os que o viram jogar — incluindo os maiores rivais.

Mas vamos ao ténis: no primeiro reencontro desde a batalha de Wimbledon, Nadal venceu Kyrgios por 6-3, 3-6, 7-6(6) e 7-6(4) — curiosamente os mesmos parciais desse duelo, com a única diferença a recair em pequenas variações finais nos números dos tie-breaks.

O resultado pode ter sido extremamente semelhante, mas este encontro superou o da relva do All England Club em praticamente todos os capítulos.

Muito por culpa de Nick Kyrgios, que finalmente mostrou que realmente se preocupa com o que acontece dentro do court e lutou com todo o coração por um resultado diferente. Há muito que as capacidades do australiano são conhecidas de todo o público mas são raros os momentos em que faz uso delas e o encontro desta segunda-feira foi uma dessas ocasiões.

Apaixonado por grandes circunstâncias, o jogador da casa deu tudo o que tinha e depois de um primeiro set difícil de contrariar entrou com tudo no segundo para mostrar que tinha uma palavra a dizer. O clímax do encontro deu-se no terceiro set, em que a qualidade de jogo de parte a parte foi uma constante, mas o quarto ganhou pelo drama: quebrado em primeira instância, Kyrgios recuperou da desvantagem de 5-3, quebrou o serviço de Nadal a 5-4 (com a ajuda de uma dupla falta do espanhol que lhe entregou dois pontos de break) e levou a decisão para o tie-break.

Faltou o fôlego final para superar o sempre guerreiro Rafael Nadal, que respondeu às acrobacias da estrela da casa com demonstrações de toque de bola pouco vistas, muita consistência psicológica e, no final, muitos elogios ao adversário que já tantas dores de cabeça — dentro e fora do court — lhe provocou.

“Quando ele joga como jogou hoje, com uma atitude positiva, traz muitas coisas positivas para o nosso desporto. Encorajo-o a continuar a trabalhar assim porque ele é um dos maiores talentos que temos e gostei do Nick Kyrgios deste torneio”, confessou na entrevista em campo com John McEnroe, numa altura em que já tinha colocado o boné preto e dourado com a inscrição “Lakers”, em homenagem a Kobe Bryant.

À procura do segundo título no Australian Open (o primeiro já data de 2009), Rafael Nadal tem no já seu bem conhecido Dominic Thiem o próximo adversário. O frente a frente é favorável ao espanhol (9-4), que também venceu o único duelo disputado em piso rápido — por 0-6, 6-4, 7-5, 6-7(4) e 7-6(5) nos quartos de final do US Open de 2018.

Última atualização às 12h17.

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