A um ponto de jogar um tie-break que lhe podia dar uma sempre importante vitória num torneio do Grand Slam, Dalila Jakupovic desistiu. A tenista eslovena teve um ataque de tosse e deixou de conseguir respirar, acabando ajoelhada no chão de um dos courts de Melbourne Park. A razão? As condições perigosas e nada recomendadas em que o Australian Open arrancou na manhã desta terça-feira (madrugada de segunda-feira em Portugal).
Awful scenes in Melbourne.
Dalila Jakupovic has abandoned her #AusOpen qualifying match after suffering a coughing fit while playing in thick smoke caused by the #AustralianFires. pic.twitter.com/WAJv6TzTjW
— ESPN Australia & NZ (@ESPNAusNZ) January 14, 2020
Apesar das recomendações claras da cidade de Melbourne, que através das redes sociais, estações televisivas e outros meios de comunicação aconselhou os habitantes a “não saírem de espaços fechados, manterem as janelas e portas fechadas e os animais de estimação em espaços fechados”, o primeiro torneio do Grand Slam arrancou.
O resultado é uma dicotomia que evidencia o óbvio — o dinheiro fala mais alto e a necessidade de colocar em ação uma “máquina” desta dimensão ganhou.
Mesmo que o custo seja evidente e os jogadores comecem naturalmente a cair. Dalila Jakupovic foi a primeira “vítima” de um cenário que se adivinha negro e que não demorou a conhecer novos episódios (ainda que, e felizmente, menos graves): Eugenie Bouchard teve de ser assistida depois de vencer o segundo set Xiaodi You, referindo dores nos pulmões e náuseas.
“Isto é uma novidade para todos nós”, disse Craig Tiley, Presidente da Tennis Australia e diretor do torneio, ao The Telegraph. “Seguimos os conselhos dos especialistas médicos e cientistas ambientais e a saúde dos jogadores, adeptos e staff são cruciais para as decisões que tomamos.”
“Quando acordámos esta manhã o fumo era significativo e por isso tomámos a decisão de suspender os treinos e adiar o início do qualifying. Durante esse período as condições melhoraram e por isso seguimos os conselhos que recebemos e mantivemos a decisão de começar a jornada às 11h (meia-noite em Portugal Continental”, acrescentou.
Mandy Minella, outra das jogadoras que vai a jogo no qualifying, recorreu ao Twitter para criticar a decisão dos organizadores do Australian Open: “Não percebo porque é que o Australian Open tem de apressar os encontros. Temos todo o sábado e o domingo para terminar o qualifying e se o cenário for realmente mau estamos habituados a disputar dois encontros num dia e podemos sempre encurtar os encontros masculinos [da última ronda] para três sets. Há soluções!!”
Melbourne Park tem vários courts cobertos — não só os três principais como vários que são habitualmente utilizados para treinos — disponíveis, mas isso implicaria mover os jogadores para longe do público e, sobretudo, das câmaras.
Entretanto a jornada continua…