CALDAS DA RAINHA — O Angogerman Oeste Ladies Open continua a reforçar a sua preocupação com o ténis português e depois de Francisca Jorge e Maria Inês Fonte atribuiu o terceiro wild card para o quadro principal de singulares a Inês Murta, vice-campeã nacional de 2014 e 2015 e atual número dois portuguesa no ranking internacional (ocupa a 709.ª posição).
Com 22 anos, a tenista algarvia falhou o regresso ao Campeonato Nacional Absoluto que se jogou na Região Autónoma da Madeira devido a uma lesão. Mas nos últimos dias já regressou aos treinos e está em condições de competir no torneio, que entre outras razões será marcante por ser o primeiro 60.000 dólares em que compete em toda a carreira.
O convite faz com que Inês Murta se junte às companheiras de seleção Francisca Jorge e Maria Inês Fonte na lista de portuguesas confirmadas no quadro de singulares do evento. A outra convidada é a brasileira Laura Pigossi (517.ª WTA).
Relativamente aos encontros, na jornada desta segunda-feira — a segunda de três relativas à fase de qualificação — as duas tenistas portuguesas que ainda estavam em prova terminaram as respetivas caminhadas.
Sara Lança, 15.ª cabeça de série, foi travada pela argentina Victoria Bosio em dois sets, parciais de 6-0 e 6-1. Depois, num encontro com contornos semelhantes, Ana Filipa Santos (14.ª pré-designada e recém consagrada campeã nacional de pares mistos e vice-campeã de pares femininos) perdeu por 6-0 e 6-1 para Eden Silva, a grande favorita da fase de qualificação.
No rescaldo da participação no qualifying do torneio, que admitiu ter “um nível diferente daquele a que estamos habituadas nos torneios de 15.000 dólares e que nos faz apanhar grandes jogadoras, de um nível muito difícil”, Ana Filipa Santos abordou as horas que antecederam a estreia no Angogerman Oeste Ladies Open, logo no domingo. “Não houve grandes hipóteses, foi uma correria. Quando acabei os pares [jogou a final de pares femininos do Campeonato Nacional no sábado, no Funchal] tive de me despachar num instante, pedir boleia, comer à pressa e apanhar o avião. Depois vim a viagem toda a dormir, cheguei a casa às 2h e só me consegui deitar às 3h, depois de arrumar tudo, para sair às 10h30 e estar aqui a tempo de comer e jogar a primeira ronda.”
Na análise ao encontro, a jogadora portuguesa de 23 anos destacou que teve pela frente “uma adversária que joga muito bem e tem pancadas muito sólidas”. E admitiu que sentiu o desgaste das últimas 48 horas: “Na noite em que me deitei às 3h da manhã descansei bem, mas hoje já dormi mais e acabei por sentir que o corpo ficou mais desligado fisicamente. Estava mais mole, mais pesada.”
Ricardo Tomé, o treinador da LX Team que a acompanhou nesta viagem ao Complexo Municipal de Ténis das Caldas da Rainha, concordou. “Ontem ela conseguiu dar uma boa resposta frente a uma adversária não tão difícil quanto a de hoje e entrou bem, aproveitou logo a oportunidade. Isso foi o que, para mim, fez toda a diferença, porque hoje ela entrou mal, mais parada e também com alguns nervos, o que contra uma jogadora de ranking superior, que joga bem, rápido e com uma velocidade de bola a que nem sempre está habituada fizeram com que tudo ficasse mais difícil. Foi melhorando mas não foi o suficiente.”
No entanto, o técnico não se poupou em elogios a “Pipa”, que descreve como um verdadeiro exemplo para todos os atletas com que trabalha. “Ela é um exemplo para as nossas jogadoras e jogadores porque não deixou de estudar e não teve essa desculpa para não obter melhores resultados. É muito trabalhadora e merece esse destaque até pela paixão que tem pela modalidade e que se nota diariamente. Sei que hoje está infeliz porque não conseguiu demonstrar isso em campo mas tem sido um exemplo para todos e acho que ela ainda vai dar um salto agora que terminou os estudos.”
Para além de Eden Silva e Victoria Bosio, avançaram ainda para o quadro principal de singulares do Angogerman Oeste Ladies Open as seguintes jogadoras: Verena Meliss, Laetitia Pulchartova, Karin Kennel, Sarah Beth Grey, Ekaterina Shalimova e Ainhoa Atucha Gomez.