Em tempos brilhou no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras, onde atingiu por duas vezes a final do Estoril Open. Esta semana, duas décadas depois, voltou a fazê-lo mas no Clube Internacional de Foot-Ball, em Lisboa — e como veterano, ao sagrar-se campeão do mundo por equipas pela Espanha.
Aos 50 anos, Francisco Clavet — “Pato” como é carinhosamente chamado por aqueles que lhe são próximos — foi a grande figura da equipa masculina de +50 que veio do país vizinho e só saiu de cá de troféu nas mãos.
Em cinco eliminatórias venceu os cinco encontros de singulares que jogou. Destacam-se o triunfo por 6-3, 5-7 e 6-4 sobre Jan Apell na meia-final contra a Suécia — pelo calibre desse frente a frente, uma vez que o sueco também brilhou no circuito profissional — e a vitória por 6-3 e 6-1 perante Antonio Padovani, que garantiu o título à seleção espanhola.
A semana perfeita, como o próprio a descreveu, aconteceu 19 anos depois de ter disputado a segunda e última final no Estoril Open: em 1997 perdeu a final para Alex Corretja e em 2000 foi derrotado por Carlos Moya, a quem tinha ganho três anos antes.
Desses tempos guarda, claro, excelentes recordações. “Voltar a Portugal e a Lisboa deixa-me sempre muito feliz. Fui finalista duas vezes e joguei muitas mais e foram sempre muito atenciosos comigo e senti esse carinho. Quando soube que [o torneio] se ia jogar em Portugal fiquei logo interessado, queria muito vir e perguntei logo se podia fazer parte da equipa e aqui estou, encantado”, revelou numa primeira conversa com a assessoria de imprensa do torneio.
Mas as duas semanas de prata no Jamor são apenas uma pequena parte do extenso currículo de Francisco Clavet, que brilhou em vários palcos e e chegou, inclusive, a ser 18.º colocado no ranking ATP e, mais do que tudo, a integrar a equipa espanhola que no ano de 2000 conquistou a primeira “saladeira” da Taça Davis da história do país.
Mesmo tratando-se de feitos consideravelmente diferentes, “Pato” consegue encontrar semelhanças — sobretudo porque quer numa, quer noutra ocasião tinha ao peito o brasão do país.
“Estava um pouco mais nervoso quando joguei a Taça Davis (risos), que é o expoente máximo a nível de competição por equipas no ténis profissional, enquanto este foi um torneio mais amador, de veteranos, mas ter tido a oportunidade de contribuir para que a equipa ganhasse deixa-me muito feliz. As sensações de equipa são as mesmas porque o carinho dos companheiros e das pessoas que estão à nossa volta e que querem ganhar há o mesmo, por isso de certa forma senti coisas semelhantes”, contou ao Raquetc depois de carimbar a vitória na final.
“Ganhar é sempre bonito. Há 30 anos, agora ou daqui a 20. São uma sensação e uma experiência que agradam a toda a gente e que queres ter dentro de ti. E claro que por se tratar de uma competição por equipas em que estás a representar o teu país é ainda mais especial”, tinha revelado momentos antes à assessoria de imprensa do torneio.
E para o futuro? Depois de ter treinado Thomas Bellucci durante cerca de uma época, Francisco Clavet está a trabalhar em casa. “Estou a treinar um rapaz muito jovem em Madrid e tenho alguns projetos com escolas e programas de treino em várias partes do país. Entretanto tive filhos e viajar tornou-se mais difícil, mas não fecho a porta a um regresso e se houver uma oportunidade bonita não direi que não porque o ténis é a minha vida. Gosto muito deste mundo, de viajar e da competição.”