PARIS, França — Nos dias que antecederam o regresso a Roland Garros pela primeira vez em quatro anos, Roger Federer foi questionado pelo jornalista Christopher Clarey, do The New York Times, acerca do número de jogadores que, tal como ele, continuam a competir no Grand Slam francês depois de o terem feito há 20 anos.
A resposta correta? Zero.
Mas havia mais uma informação à espera do suíço nessa conversa: quando Roger Federer jogou — graças a um wild card — o torneio de Roland Garros pela primeira vez, também estava no quadro Christian Ruud, pai de… Casper Ruud, que só nasceria no final dessa época de 1999.
Ora, o jovem norueguês de 20 anos é nada mais, nada menos do que o próximo adversário do número três do mundo, que prestes a celebrar o 38.º aniversário tem nesta curiosidade mais uma confirmação da sua longevidade praticamente sem igual.
Depois de “despachar” Lorenzo Sonego no encontro de estreia, Roger Federer — que voltou a ser recebido no Court Philippe Chatrier com uma ovação digna de Taça Davis… — superou o lucky loser Oscar Otte, alemão que há praticamente dois anos se tornou no primeiro campeão da história do Lisboa Belém Open, conquista que lhe valeu o primeiro título da carreira em torneios do circuito secundário ATP.
Tal como o anterior, também o duelo desta quarta-feira sorriu sempre a Federer. O campeão de 2009 voltou a revelar-se mais do que à vontade na terre battue parisiense, esteve sempre no comando do encontro e revelou-se extremamente eficaz nos momentos decisivos — uma característica que até lhe é pouco comum… — ao converter três dos quatro break points de que dispôs: o primeiro para vencer o set inaugural e os restantes para servir para fechar os parciais seguintes.
Os parciais (6-4, 6-3 e 6-4, em 1h36) comprovam a tranquilidade e os 35 winners demonstram o à vontade que já tinha apresentado em Madrid e Roma, onde chegou aos quartos de final. Mais do que isso, permitem-lhe chegar fresco a um encontro onde vai ter pela frente um adversário motivado pelo “sonho de criança”, de defrontar um ídolo e brilhar num dos maiores courts do mundo.
E essa deverá mesmo ser a motivação, como o próprio helvético reconheceu na conferência de imprensa. “Sei que ele melhorou muito nos últimos anos e acho que joga muito bem em terra batida. Não o vi jogar muitas vezes mas jogar contra um dos jogadores de topo, num dos maiores courts, é com isso que se sonha. Pelo menos eu sonhei. Mas também tens de acreditar que tens uma hipóteses e se chegas à terceira ronda de um torneio do Grand Slam não é por teres sorte, é porque jogaste um par de bons encontros. Hoje, pelo resultado que vi contra o Berrettini, parece que ele fez bem o seu trabalho e merece estar aqui. Vou encará-lo de forma muito séria”.
E não é caso para menos.