Better, indeed: Djokovic é rei e senhor em Melbourne e faz história no Australian Open

Sete finais, sete títulos para Novak Djokovic no Australian Open. O tenista sérvio jogou num planeta que só ele habita e banalizou Rafael Nadal ao derrotar o espanhol por 6-3, 6-2 e 6-3 para prolongar o registo perfeito na Rod Laver Arena e fazer história em Melbourne ao tornar-se no maior campeão da história do torneio.

Os ingredientes da final deste domingo deixavam com água na boca qualquer apaixonado da modalidade — e até os seguidores ocasionais. Afinal, frente a frente estavam dois dos melhores jogadores de sempre, responsáveis por um total de 31 títulos do Grand Slam e a maior rivalidade do circuito masculino na história da Era Open.

Mas a receita acabou por ficar muito aquém e o prato principal longe de se tornar no espetáculo que todos desejavam: 2h04 bastaram para Novak Djokovic vencer um encontro que dominou do início ao fim com uma exibição que roçou a perfeição.

Para surpresa de todos, sobretudo depois de cozinhadas vitórias tão expressivas como as das meias-finais, o 53.º capítulo da rivalidade foi um dos mais desequilibrados — mesmo se o marcador não o revele por inteiro, dentro do campo a disparidade entre ambos foi enorme.

Apesar de se tratar da 25.ª final da carreira em torneios do Grand Slam, Rafael Nadal entrou muito nervoso. O espanhol precisou de 33 minutos para ganhar um ponto no serviço de Novak Djokovic, ponto esse que só chegou quando o primeiro set já lhe era apenas uma miragem. O sérvio, por sua vez, entrou com a faca afiada logo no jogo inaugural e entre golpes ao longo da linha — a esquerda paralela que tantos troféus lhe valeu — e variações de direção à procura de grandes aberturas conseguiu ser dono do encontro.

Sempre que Nadal ameaçou (e foram muito poucas as vezes), Djokovic esteve lá.

E se a confiança aumentou gradualmente, na prática o tenista maiorquino nunca conseguiu começar a criar dificuldades ao número um do mundo, de tal forma que foram precisos mais 19 minutos para voltar a ganhar um ponto no serviço do adversário — este no primeiro serviço, algo inédito nos 52 minutos anteriores. Break points só por uma vez e o desfecho o mesmo que nos outros capítulos, desperdiçado. Não houve mesmo volta a dar: Djokovic nunca baixou a guarda e cortou pela raiz as hipóteses de recuperação de um arquirrival adormecido, terminando o encontro com 34 winners, apenas 9 erros não forçados e +81% de pontos ganhos no serviço.

Talvez tenha sido a possibilidade de fazer história a afetá-lo (se ganhasse, Rafael Nadal seria o primeiro jogador da história da Era Open a ganhar todos os Grand Slams pelo menos duas vezes), talvez tenha sido o “fantasma” de Melbourne a assombrá-lo — o primeiro e único título aconteceu em 2009, há precisamente 10 anos. Talvez nunca venhamos a saber.

E no meio de tantas dúvidas destacam-se as certezas: Novak Djokovic é o campeão do Australian Open pela sétima vez, tornando-se no recordista de títulos no que ao torneio masculino diz respeito — até agora, estava empatado com Roy Emerson e Roger Federer.

E com esta vitória Novak Djokovic chega pela terceira vez na carreira aos três títulos consecutivos em torneios do Grand Slam: já o tinha feito entre Wimbledon 2011 e Australian Open 2012 e Wimbledon 2015 e Roland Garros 2016, na altura chegando mesmo aos quatro). É o primeiro jogador masculino de todos os tempos a fazê-lo (Roger Federer ganhou três consecutivos em duas ocasiões, Rod Laver quatro consecutivos em duas ocasiões)

E talvez mais importante do que tudo, Novak Djokovic isola-se como o terceiro maior campeão da história do circuito masculino em torneios do Grand Slam: a partir deste domingo, o jogador natural de Belgrado passa a ter 15 títulos, superando os 14 de Pete Sampras. À frente tem apenas o Rafael Nadal que hoje derrotou (17) e o recordista Roger Federer (20).

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