Ashleigh Barty tem o poder (e o gosto) da surpresa. Fê-lo em 2013 ao chegar a finais de torneios do Grand Slam quando tinha apenas 16 anos, fê-lo sobretudo no ano seguinte ao largar o ténis para se aventurar numa liga profissional de cricket e fê-lo na madrugada deste domingo, ao carimbar o apuramento para os quartos de final do Australian Open.
E não o fez de uma forma qualquer: aos 22 anos, a jogadora da casa derrotou Maria Sharapova, a tenista russa que vinha de uma vitória num duelo de campeãs frente a Caroline Wozniacki que a tornara rapidamente numa candidata ao título para o grande público.
Esperava-se, por isso, uma grande batalha e foi com isso mesmo que contaram os cerca de 15.000 espetadores que aderiram à ocasião na Rod Laver Arena. Num primeiro set sem oportunidades nos seis primeiros jogos, foi Maria Sharapova quem ameaçou primeiro o break e foi ela quem fez a única quebra de serviço para se adiantar no marcador depois de um primeiro set animado.
Mas depois a jogadora russa baixou consideravelmente as percentagens do seu “saque” e aí Barty começou a operar a reviravolta: fez o primeiro break ao 2-1 e depois repetiu-o no jogo seguinte para de forma autoritária igualar a contenda. Nas bancadas, o público ia sendo presenteado com um bom espetáculo mas os erros não forçados continuavam a aumentar: por esta altura, eram já 29 do lado da australiana e 28 do lado da russa.
Mas o que interessam os erros não forçados quando a jogadora da casa está perto de conseguir uma das melhores vitórias da carreira, certo? Como dizíamos, o serviço de Maria Sharapova nunca mais foi o mesmo e Ashleigh Barty voltou a aplicar a mesma receita: quebrou por duas vezes consecutivas, agora nos dois primeiros jogos, para ganhar uma vantagem confortável — que por pouco não aumentou, porque dispôs de mais dois break points ao 4-1.
Guerreira por natureza, Sharapova não desistiu e ainda conseguiu devolver uma das quebras de serviço, e esteve perto de devolver a outra, mas a diferença revelou-se demasiado grande para conseguir sair do buraco: ao fim de 2h2, a vitória sorriu a Ashleigh Barty pelos parciais de 4-6, 6-1 e 6-4.
Com este resultado, a jogadora natural de Ipswich tornou-se na primeira mulher australiana a avançar para os quartos de final do Australian Open desde Jelena Dokic, em 2009. Agora, a finalista de pares do ano de 2013 marca encontro com Petra Kvitova, a tenista checa que somou a nona vitória consecutiva (vem do título em Sydney) ao não dar hipóteses à jovem Amanda Anisimova (6-2 e 6-1 em 60 minutos certos).
Atualizado às 8h29.