Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Assim está a realidade do ténis a menos de um ano de se verificarem mais alterações nos circuitos mundiais, com a chegada da ATP Cup — a Taça das Nações criada pela Associação dos Tenistas Profissionais como resposta à reforma da Taça Davis — a confundir seguidores do circuito masculino e, até, feminino.
Apesar de uma ou outra alteração, o calendário pré-Australian Open tem sido uma constante ao longo das últimas épocas e em 2019 apresentou-se assim, com uma oferta variada e ao gosto de cada fã:
1.ª semana: ATP 250 de Brisbane, ATP 250 de Doha, ATP 250 de Pune, WTA Premier de Brisbane, WTA International de Shenzhen, WTA International de Auckland + Hopman Cup.
2.ª semana: ATP 250 de Sydney, ATP 250 de Auckland, WTA Premier de Sydney, WTA International de Hobart.
A partir de 2020 espera-se uma verdadeira revolução em solo australiano: a ATP Cup (uma competição reservada a 24 equipas, sendo que neste momento Portugal seria o primeiro país a ficar de fora) vai jogar-se entre os dias 3 e 12 de janeiro e já se sabe que acontecerá em Brisbane e Sydney, ficando a faltar apenas uma cidade.
O destino para as duas cidades parece claro: deixam de organizar os respetivos torneios masculinos para servirem de palco a um evento que a ATP espera ser ainda mais atrativo. Para os organizadores, a vontade e necessidade de ter ténis ao mais alto nível mantém-se (podendo, até, melhorar) e para os fãs possivelmente também.
As dúvidas recaem, agora, nos restantes eventos. Citado pelo New York Times, Ross Hutchins, o vice-presidente da ATP que tem como principal tarefa as relações com os jogadores, afirmou que apenas um dos torneios ATP vai manter-se no calendário como complemento à ATP Cup, não sendo ainda conhecida a escolha da entidade.
No que à primeira semana diz respeito, será Doha, será Pune? Ou haverá uma reforma dos torneios? É também sabido que ambas as organizações sondaram a ATP para estudarem uma recolocação em fevereiro, um mês mais apelativo atendendo à nova competição mas totalmente cheio (três torneios em cada uma das semanas).
Em relação à segunda semana a equação parece mais fácil de resolver: o circuito masculino pára em Auckland, na Nova Zelândia, que deverá ter interesse em manter quer o evento feminino da primeira semana, quer o masculino na segunda.
E o circuito feminino? No comunicado publicado esta segunda-feira que dá conta das duas primeiras localizações, a ATP — por deslize ou não — deu a entender que Brisbane continuará a organizar um evento feminino. Já os responsáveis — do torneio e do turismo –, garantiram novidades ainda esta segunda-feira.
Mas mesmo que a cidade continue a apostar no ténis combinado ficam por resolver várias questões: continuarão Brisbane, Hobart e Perth a oferecer ténis feminino aos cada vez mais fiéis e apaixonados espetadores? E em que formatos?
Certo é que nenhuma organização deu explicações aos fãs naquelas que poderão ter sido as últimas cerimónias de entrega de troféus. E a “guerra aberta” entre a ATP/Tennis Australia e a ITF pode conhecer novos contornos por causa da Hopman Cup, o torneio de exibição por equipas que tem ganho cada vez mais fama ao potenciar encontros únicos como aquele que colocou frente a frente Roger Federer e Serena Williams nos pares mistos (e, no passado, Boris Becker e Steffi Graf lado a lado, entre outros), visto que nos Grand Slams os pares mistos são praticamente ignorados pelos jogadores de topo.
É conhecida a vontade da ATP/Tennis Australia reformularem o ténis em Perth, fazendo da cidade uma das “casas” da nova ATP Cup, mas isso significaria o fim do ténis feminino na Western Australia e além disso há um contrato assinado — como aliás David Haggerty (o Presidente da ITF) fez questão de relembrar. “Estamos a contar com a Tennis Australia para honrar as restantes obrigações contratuais e organizar a Hopman Cup na primeira semana do ano até 2022.”