PALMELA – Sete dias, oito vitórias. Há muito, muito tempo que João Monteiro não vencia tantos encontros na mesma semana e só faltou um ponto para sair do SPARKS Tennis Park Palmela com a tão desejada ‘dobradinha’, que apesar de não ter sido alcançada marca aquele que espera ser “um ponto de viragem” depois de um período (e uma época) de muitas mudanças.
Sensivelmente a meio do ano, o tenista portuense de 24 anos tomou a decisão de sair da equipa do Centro de Alto Rendimento. “Senti que estava na altura de uma mudança. Às vezes as pessoas precisam disso e tanto dentro como fora do campo não estava a conseguir ser feliz, por isso achei que era melhor procurar uma outra oportunidade para o meu ténis noutro lado.”
Esse “lado” de que fala é, para já, um regresso a casa. E as razões são fáceis de perceber. “Voltei a casa, ao Porto, e pedi ajuda ao treinador que esteve comigo dos 15 aos 19 anos, o Ricardo Cortes, no Lawn Tennis Clube da Foz, e também estou com um preparador físico que trabalha na natação e no ténis. A ideia passa por estar em casa, estive seis anos longe de casa e acho que isso me afetou um bocadinho mentalmente neste último ano.”
Aos poucos, o campeão nacional absoluto de 2016 está a reencontrar a alegria de jogar e o rumo que tem de tomar. “Voltei a acordar com disponibilidade e alegria para ir treinar, que no fundo é o nosso trabalho. Ainda não estou no meu melhor mas o importante é que voltei a vencer e a ter estas sensações outra vez. Foi um ano diferente dos últimos três ou quatro, em que estive habituado a ganhar muitas vezes e com uma cultura vencedora muito forte, porque passei para um nível mais alto e tive alguns encontros complicados que deviam ter caído para o meu lado e acabaram por afetar a minha confiança.”
Em Palmela, parte dessa confiança voltou a aparecer: ao lado de Fred Gil, João Monteiro conquistou, na jornada de sábado, o título de pares e este domingo chegou a dispôr de um match point na final de singulares (a sua primeira desde outubro do último ano), uma variante onde em 2017 conquistou seis troféus de campeão e perdeu outras três finais.
Sobre o último encontro, que contou com várias oscilações no marcador, João Monteiro já consegue retirar ilações positivas. “Fui muito passivo durante o encontro todo e apático nas trocas de bolas, mas estive muito focado no meu jogo e sinto que já estou a jogar um bocadinho melhor, que é o mais importante. Estou contente com esta semana, é o regresso, que tem de ser feito com calma e é importante depois de uns tempos complicados.”
A Palmela, seguem-se agora os torneios de Oliveira de Azeméis (25.000 dólares) e Idanha-a-Nova (dois de 15.000). Depois, só o tempo o dirá, até porque os resultados obtidos nos próximos dias vão ditar as escolhas (e o descanso) do tenista portuense, atualmente no 393.º lugar do ranking ATP.