Por mares nunca de antes navegados.
É assim que João Sousa, o melhor tenista lusitano de todos os tempos, continua a fazer história. Do outro lado do atlântico, o vimaranense de 29 anos tornou-se, este sábado, no primeiro jogador português da história a chegar à quarta ronda do quadro principal de singulares de um torneio do Grand Slam.
- O resultado: 7-6(5), 4-6, 7-6(4), 7-6(5) vs. Lucas Pouille, 17.º cabeça de série.
À vitória em cinco sets sobre o espanhol Pablo Carreño Busta, num duelo entre os mais recentes campeões do Millennium Estoril Open, seguia-se mais um duro desafio: este, frente ao francês Lucas Pouille, atual 17.º classificado no ranking ATP e que em março deste ano chegou a ocupar um lugar no top 10 mundial, contando já com 5 troféus de campeão (em 9 finais).
O confronto direto era favorável ao português, mas o único encontro entre ambos tinha acontecido em circunstâncias bem diferentes: num torneio Challenger, há cinco anos, quando o francês ainda estava longe de ser um dos tenistas mais perigosos do circuito.
Por isso, o encontro deste sábado teve contornos completamente diferentes. Até porque em jogo estava a inédita passagem de um tenista português à quarta ronda de singulares num dos quatro maiores torneios do mundo, pressão a que João Sousa reagiu muito bem.
O ténis que o pupilo de Frederico Marques praticou ao longo das 3h41 de encontro foi, aliás, um perfeito reflexo daquilo que é capaz de fazer. Porque foi uma das melhores exibições da sua carreira.
Sempre concentrado — a única exceção chegou no final do segundo set, quando depois de uma troca de argumentos com o árbitro de cadeira, que não o deixou pedir a revisão eletrónica de uma bola num momento essencial, “desligou” e permitiu que Pouille convertesse o set point –, João Sousa lutou de igual para igual com o Mosqueteiro francês, um dos vencedores da mais recente edição da Taça Davis.
E quando assim é, tudo pode acontecer, pelo que não foi surpreendente vê-lo a lutar pelos mesmos objetivos que o 17.º cabeça de se série e a ser, pela terceira vez esta semana em Nova Iorque, bem sucedido. E agora, história.
A história que se eterniza com um grito de Conquistador e se escreve com os parciais de 7-6(5), 4-6, 7-6(4) e 7-6(5), números que a partir deste sábado, primeiro dia de setembro do ano de 2018, passam a compôr uma das vitórias mais marcantes do ténis português. Porque pela primeira vez há um jogador luso apurado para a quarta ronda de singulares de um torneio do Grand Slam — mas não para a segunda semana, porque nessa já este mesmo João Sousa tinha estado (curiosamente, neste mesmo US Open graças a uma excelente campanha que só terminou nos quartos de final de pares, em 2015).
O próximo adversário? É esperar para ver, mas as probabilidades dizem que será Novak Djokovic (lidera o frente a frente com Richard Gasquet por 12-1), o jogador que já o afastou por três vezes em torneios do Grand Slam: 3.ª ronda do US Open 2013 (6-0, 6-2 e 6-2), primeira ronda de Roland Garros 2014 (6-1, 6-2 e 6-4) e segunda ronda de Roland Garros 2017 (6-1, 6-4 e 6-3).