Mais uma moedinha, mais uma voltinha.
A relação umbilical entre Rafael Nadal e Roland Garros é inabalável. Tudo começou em 2005, quando aos 19 anos deu início àquela que seria uma das histórias mais marcantes da modalidade. E, daí para cá, os votos de matrimónio têm sido renovados praticamente ano após ano.
Derrotar Nadal em Roland Garros é uma missão quase impossível. Porque, convenhamos, bater o melhor da história do jogo em terra batida, na sua fortaleza, é algo raramente visto. Até à data, recorde-se, apenas dois tenistas cometeram tal proeza (Robin Soderling em 2009 e Novak Djokovic em 2015).
Dominic Thiem, o austríaco que aparentemente reunia mais condições para derrotar o maiorquino em Paris (afinal, foi ele o responsável pelas únicas derrotas de Nadal no pó de tijolo em 2017 e 2018), foi o mais recente tenista a tentar esse desiderato, este domingo, na final da 122.ª edição do maior e mais prestigiado torneio de ténis jogado sobre o pó de tijolo. Mas, desde cedo, Nadal mostrou ao que vinha e decidido em expulsar da sua sala de estar um adversário que disputava pela primeira vez a final de um Grand Slam.
O ‘Touro de Manacor’ vergou Thiem em mais um encontro resolvido em apenas três sets com os parciais de 6-4, 6-3 e 6-2. Numa final em que se esperava muita potência e trocas de bolas de alta intensidade, o prometido foi devido. O encontro ficou marcado pela excelente entrada do espanhol em todos os sets, fazendo breaks nas fases iniciais, sendo que apenas no primeiro Nadal viu o seu adversário reagir.
Apesar do equilíbrio e de Thiem ter jogado bastante bem, Nadal nunca teve grandes dificuldades em acompanhar o ritmo do austríaco, apresentando-se sempre um nível acima quando o número 8 mundial assim o exigia. O líder do ranking mundial foi superior em quase todos os momentos importantes e isso foi um fator chave para fechar a 11.ª final da carreira em Paris com mais um título nas mãos.
Com 32 anos feitos há exatamente uma semana, Nadal tem mais um motivo para celebrar. Porque apesar de os dedos de uma mão já não chegarem para contar os seus títulos do Grand Slam parisiense, vencer um torneio que lhe diz tanto e cheio de significado será sempre especial e festejado como se fosse o primeiro.
Enquanto Rafael Nadal estiver no ativo e fisicamente disponível, dificilmente será destronado em Paris. Pode acontecer? Pode. Mas é uma missão quase impossível.
E por falar em reinados, com a nova vitória de “El Toro” em Paris este já é o terceiro maior reinado da dupla Rafael Nadal/Roger Federer. No total, são seis os torneios do Grand Slam consecutivos ganhos ou pelo espanhol, ou pelo suíço (que deu início à série ao vencer o Australian Open de 2017), que assim igualam o registo de há quase uma década, quando dividiram entre si os seis Majors entre Roland Garros 2008 e Wimbledon 2009. À frente, só o domínio que se verificou entre 2005 e 2007, com Roger Federer a conquistar oito torneios do Grand Slam e Rafael Nadal três.
*com Francisco Semedo e Gaspar Ribeiro Lança