Rafael Nadal. Uma e outra vez, Rafael Nadal. Não importa o ano, a idade ou o adversário — na terra batida é ele quem manda e nem as 32 primaveras se mostram um impedimento (apesar de, ao ritmo a que tem jogado em Paris, serem muito provavelmente o seu maior inimigo). O tenista maiorquino continua a bailar em Roland Garros e esta sexta-feira carimbou o apuramento para a sua 11.ª final no Grand Slam francês.
Palavras para quê? O Rei da Terra Batida continua a fazer o que ano após ano se pensa ser impossível e a acrescentar números e recordes não só aos seus registos como aos do ténis. Como o de hoje: ao vencer categoricamente Juan Martin del Potro, por 6-4, 6-1 e 6-2, torna-se no segundo jogador da história do circuito masculino a jogar 11 finais no mesmo torneio do Grand Slam.
O outro? Roger Federer, pois claro, e este dado reflete o momento atual do ténis masculino: ao mesmo tempo, e porque velhos são os trapos, os dois continuam a melhorar recordes enquanto a nova geração procura, cada vez com menos timidez mas ainda alguma, intrometer-se.
Talento? Muito. Atleticismo? Também. Dedicação? Tanta ou mais. Nesta altura já não há segredos: sabe-se tudo sobre Rafael Nadal. As suas fraquezas, pontos fortes, momentos em que se sente mais ou menos à vontade, tudo. Mas mesmo assim o tenista maiorquino continua a superar-se e a reunir na sua figura muitos dos holofotes não só do circuito mundial masculino como do desporto, pelo que tem vindo a fazer ano após ano dentro do court.
E o que dizer do duelo desta sexta-feira em Roland Garros? Afinal de contas, é “ele” que nos traz aqui, a esta peça. Que muitos caminhos poderia ter tido mas resultou neste, sobre uma figura e não um encontro porque Rafael Nadal, a estrela de uma casa que há muito se tornou sua, voltou a fazer aquilo a que tanto habituou os espetadores franceses: não olhar a meios e dar “uma lição” a um adversário. Hoje, Juan Martin del Potro, o número seis mundial que nove anos depois estava de regresso às meias-finais e que, depois de um início que prometeu, não conseguiu cumprir e só conseguiu adiar o entretanto inevitável.
Esta é, por isso, uma história de números. Como a das 24 meias-finais ganhas por Rafael Nadal em 27 disputadas em torneios do Grand Slam, a agora 11.ª final em Roland Garros e a procura do ainda mais impressionante 11.º título — que a acontecer será um recorde, um novo recorde, porque o atual já é seu, pois claro.
Entre tudo isto há um homem: Dominic Thiem, o único a bater o “Rei da Terra Batida” na sua superfície de eleição quer em 2017, quer em 2018. O austríaco de 24 anos bateu Marco Cecchinato em parciais diretos e está, pela primeira vez, numa final de um torneio do Grand Slam.
Mas se é verdade que o número 8 do mundo sabe o que é ganhar ao número 1, tendo inclusive conseguido derrotá-lo novamente este ano, em Madrid, mas em Roland Garros foi sempre derrotado: 6-2, 6-2 e 6-3 na segunda ronda de 2014, quando ainda estava longe de ser quem hoje é, e, bem mais relevante, 6-3, 6-4 e 6-0 nas meias-finais de há um ano.
Por isto e muito mais, favorito só há um: Rafael Nadal, uma e outra vez. Mas no ténis pode acontecer de tudo e quem sabe não venha a ser Dominic Thiem o verdadeiro desafio (e até carrasco?) do Rei da Terra Batida.