Das montanhas da Sérvia até Lisboa: Miomir Kecmanovic esteve à conversa com o Raquetc

LISBOA – Dois sérvios, dois jogadores em pólos completamente opostos nas respetivas carreiras. Enquanto em Roma Novak Djokovic luta intensamente por voltar a praticar o ténis que fez dele um dos maiores ícones da história, em Lisboa, o ‘miúdo’ Miomir Kecmanovic ambiciona seguir as pisadas do compatriota, dando os primeiros passos na sua promissora carreira.

O jovem de apenas 18 anos chega a Lisboa rotulado como ex-número um do ranking mundial de juniores. Mas não se fica por aqui. Na sua ainda curta carreira como profissional, o tenista natural de Belgrado já conquistou um titulo Challenger (Suzhou, 2017), procurando agora, no CIF – Clube Internacional de Foot-Ball, duplicar essa contagem.

Para já, a verdade é que Kecmanovic tem brilhado nos courts de terra batida de Belém. E se na primeira ronda levou de vencida o brasileiro ex-número 21 mundial Thomaz Bellucci (6-3 e 7-6[4]), nos oitavos de final eliminou o ‘guerreiro’ italiano Federico Gaio, também em dois sets (6-4 e 6-2).

Durante os seus duelos, ouve-se frequentemente várias demonstrações de incentivo proferidas na sua língua materna vindas das bancadas. “É o meu treinador, o meu fisioterapeuta e a minha tia”, contou-nos. Mais tarde, na conferência de imprensa que seguiu o seu último duelo, o teenager também teceu vários elogios a Portugal.

“Estou a gostar muito de Portugal. É a primeira vez que estou aqui. Nos primeiros dois dias esteve um pouco de frio mas agora está perfeito”, referiu, antes de revelar que conversou com Duarte Vale (residem os dois na Florida) sobre o nosso país.

Logo de seguida, Kecmanovic ainda se sentou a conversar com o RAQUETC, onde nos deu a conhecer vários aspetos da sua carreira. Como o próprio revela, tudo começou devido ao seu… aborrecimento. “Tinha 6 anos e estava a passar férias em Zlatibor, que é uma espécie de zona montanhosa na Sérvia. Andava lá bastante aborrecido e sem nada para fazer, então o meu avô perguntou “Porque não tentas isto?”. Basicamente, foi assim que começou”, recordou alegremente.

Nesse dia, entre as montanhas da Sérvia, o petiz encontrava-se certamente longe de imaginar que sete anos mais tarde estaria a mudar-se para os Estados Unidos, num all in na carreira de tenista. “Quando tinha 13 anos mudei-me para os Estados Unidos. Definitivamente ir para lá revelou-se uma grande oportunidade para mim”, afirmou antes de explicar que “se ficasse em casa não teria as mesmas condições. Lá tudo é melhor, os jogadores por exemplo. Foi assim que consegui melhorar imenso”.

Kecmanovic – ex-número 1 de júniores – está em Lisboa a exibir todo o seu potencial

Anos mais tarde, já mais desenvolvido enquanto pessoa e atleta, Kecmanovic foi convocado como quinto jogador da sua seleção na Taça Davis. Perante este cenário, o próprio não resiste a ironizar: “Era o apanha bolas”, brincou entre risos.

“Todos nos conhecemos e fazemos coisas juntos de vez em quando. Não se tratou de algo novo para mim, mas foi bastante divertido andar por lá”, continuou, aludindo à sua relação com os restantes colegas de seleção.

Inevitavelmente, sendo um jovem sérvio natural de Belgrado, não resistimos a perguntar relativamente à influência de Novak Djokovic. “Nós falamos às vezes, ele é um exemplo a seguir e uma boa pessoa de se acompanhar”, sublinhou.

Para terminar, Kecmanonic não nos deixou sem revelar os próximos objetivos no que resta deste ano de 2018. Se neste momento encontra-se a participar maioritariamente em torneios Challengers, o próximo passo parece-lhe natural. “Espero evoluir e competir em quadros principais de ATP’s, mas vamos ver como corre”, concluiu.

Recorde-se que Kecmanovic – atualmente na 202.ª posição da hierarquia mundial – disputa amanhã (sexta-feira) o acesso às meias finais do Lisboa Belém Open frente ao austríaco sexto cabeça de série Sebastian Ofner (143.º).

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