Recuando sensivelmente dois anos, Taylor Fritz, na altura com apenas 18 anos, impunha-se como o grande prodígio do circuito. A final atingida no Memphis Open de 2016 consagrou-o como o americano mais jovem a atingir uma final no tour desde Michael Chang em 1989, que aos 17 anos vencia o antigo torneio de Wimbledon.
Seguiram-se uns impressionantes quartos de final no torneio ATP 500 de Acapulco que impulsionaram o adolescente até às portas do top 50. Nesta altura todos os olhos do universo tenístico encontravam-se postos em Fritz, perspetivando unanimemente a continuação daquela que se apresentava como uma evolução exponencial. Contudo, o mar de rosas onde o petiz navegava e florescia secou, dando lugar a uma travessia no deserto que durou até aos dias de hoje.
De agosto de 2016 a junho de 2017, o californiano desceu do céu à terra, isto é, do seu máximo de carreira (53.º) até ao distante 135.º posto da hierarquia mundial. A explicação para tal declínio é simples e resume-se em duas palavras: inconsistência e lesões. Depois de não conseguir produzir, semana após semana, o nível anteriormente apresentado, Fritz foi também atormentado por problemas físicos que o afastaram dos courts durante grande parte do início de 2017.
A montanha russa que tem caracterizado a sua carreira revelou-se positiva num aspeto: longe das luzes da ribalta, o prodígio teve a oportunidade de amadurecer e melhorar o seu foco no que respeita os diversos aspetos do jogo. E atualmente, a viagem do agora jovem adulto de 20 anos encontra-se novamente em plena curva ascendente.
Além da maturidade e do foco, o NextGen juntou este ano uma peça que tem sido fundamental no seu renascimento: Paul Annacone. Nada mais nada menos que o antigo treinados de autênticos ícones como Roger Federer, Pete Sampras ou Tim Henman. Nas palavras do próprio, a influência do novo técnico já é bastante visível.
“Senti que precisava de alguém que tivesse a capacidade de elevar o meu jogo para o próximo nível. Alguém que eu respeitasse e que tivesse em alta consideração. Acho que ele gosta de trabalhar comigo e penso que já melhorei imenso”, começou por revelar ao website do ATP World Tour antes de destacar a característica que mais lhe impressionou em Annacone. “Acrescentou muita atenção ao detalhe, penso. O foco em não falhar volleys ou bolas… é algo que já me ajudou imenso”.
Do outro lado, as simpáticas palavras são prontamente devolvidas. “Ele tem um grande jogo e pode fazer muitos estragos. Ele ainda é, quanto a mim, um projeto em desenvolvimento. E adoro o facto de que mesmo assim, ele já alcançou os resultados que alcançou”, confessou o novo treinador. “A minha filosofia de treino é a de que és tão bom quanto aquilo que és nos dias medianos. Por isso [quando os pontos fortes falham] é bom que te desenrasques. Ele abraça essa ideia”, concluiu.
Até ao momento – nesta ainda curta colaboração – o tenista de 20 anos já protagonizou grandes prestações, com destaque para o Masters 1000 de Indian Wells, onde atingiu a quarta ronda, e para o torneio de Delray Beach, que lhe proporcionou a melhor vitória da carreira – a batalha dramática frente ao compatriota Sam Querrey que ficou apenas definida no tie break do terceiro set (2-6, 6-3 e 7-6[4]). “Tenho esta coisa que digo sempre ‘Não perco tie breaks no terceiro set‘”, acrescentou Fritz pertinentemente.
Foram estes os pontos altos entre muitas outras vitórias obtidas em 2018 que o catapultaram para a 72.ª posição do ranking. Atualmente, a disputar o ATP 250 de Houston, Fritz está a provar a todos que os erros do passado ficam para trás. Já nas meias-finais da prova, derrubou na noite desta sexta-feira o mais cotado compatriota e terceiro cabeça de série Jack Sock, em três sets, por 6-3, 3-6 e 6-4. Para disputar o acesso à segunda final da carreira, terá pela frente mais uma vez um jogador da casa, desta feita Steve Johnson.