O inesperado aconteceu: uma semana depois de ter perdido a final do Masters 1000 de Indian Wells (onde tinha a defender o título) para Juan Martin del Potro, Roger Federer voltou a perder. Agora… Na estreia no torneio de Miami, onde também tinha a defender um troféu conquistado na temporada passada. E assim haverá troca nos lugares cimeiros do ranking ATP na próxima atualização.
Na Flórida, o tenista suíço de 36 anos sabia que tinha de chegar aos quartos de final para manter o estatuto de líder do ranking. Nada que lhe fosse estranho, dado que nas participações anteriores já por 10 vezes o tinha feito. E a verdade é que o adversário deste sábado não fazia antever uma surpresa de maior. Porque apesar de continuar a prometer (e muito), Thanasi Kokkinakis nunca conseguiu (ou pelo menos ainda) chegar ao nível que se lhe antecipava há tantos anos.
Por lesões, enfim, razões várias, a verdade é que o jovem australiano tarda em inscrever de vez o nome entre os melhores do mundo, um grupo em que pelo sentido contrário Federer está há muito. Mas o ténis tem destas coisas e se até à decisão de Indian Wells o ano de 2018 parecia um mar de rosas para o helvético (17-0), naquele fim de semana a maré mudou.
E se perder para Juan Martin del Potro — ainda por cima em três sets e com o argentino na atual forma — não é nada de propriamente surpreendente, e muito menos “grave”, ser surpreendido por Thanasi Kokkinakis na estreia de um torneio como este pode fazer tocar o alarme na entourage de Federer. O resultado foi fixado em 3-6, 6-3 e 7-6(4) pelo número 175 do mundo quando estavam decorridas 2h22 de encontro.
Para se perceber a dimensão da vitória do jovem tenista de 21 anos o melhor é focar-se a atenção neste dado: Thanasi Kokkinakis é o tenista com pior ranking a derrotar um número 1 mundial desde que o qualifier espanhol Francisco Clavet (então 178.º) derrotou Lleyton Hewitt na segunda ronda deste mesmo torneio, em 2003.
Vamos ao ranking: a derrota de Roger Federer tem implicações fortes na classificação do circuito mundial, porque Rafael Nadal partirá para a época de terra batida — a sua superfície predileta — como líder da tabela. Há, no entanto, um aspeto a ter em conta: o maiorquino defende 4.680 nos torneios disputados na superfície, enquanto o suíço só terá a ganhar tendo em conta que “saltou” esse conjunto de eventos há um ano.