Se ao longo de 20 anos de carreira Roger Federer já celebrou muita coisa (e muita quer mesmo dizer… Muita), nunca tinha conseguido o que hoje alcançou: 17 vitórias nos 17 primeiros encontros de uma época, confirmando o seu melhor começo de sempre no circuito ATP. Isto quando já tem 36 anos.
Num duelo de gerações — mais um com que o circuito ATP tanto nos tem brilhado nos últimos tempos — com o croata Borna Coric, a grande estrela do Masters 1000 de Indian Wells até este sábado, o suíço teve de sofrer para vencer (por 5-7, 6-4 e 6-4) e história fazer. Literalmente, porque não só perdeu o primeiro set como esteve em desvantagem por um break no segundo e terceiro sets.
É que do outro lado da rede esteve um Coric como nunca antes visto. O talento e capacidades do jovem croata já não eram novidade, até porque ao longo dos últimos dias vinha a exibir-se a um nível quase estratosférico, mas o duelo deste sábado era de outra dimensão, pelo que não deixou de ser surpreendente — e refrescante — vê-lo fazer de um dos maiores estádios do mundo sua casa.
Adiante. Federer precisava de vencer 5 encontros em Indian Wells para confirmar o melhor começo de época de toda a carreira e quanto mais se jogou mais longe pareceu estar de o conseguir vir a fazer. Não porque tenha jogado mal. Pode dizer-se que esteve longe dos níveis de outras exibições, é certo, mas o mérito foi todo do croata de 21 anos, que aos 18 já tinha ganho a Rafael Nadal e Andy Murray e que tem aproveitado ao máximo a passagem pela Califórnia para voltar a apressar o que o tempo provavelmente confirmaria mais cedo ou mais tarde: a chegada de um grande resultado, daqueles que o colocam mesmo entre os melhores.
Porque como o próprio afirmara, está “a jogar o melhor ténis da minha carreira” e isso viu-se novamente no duelo das meias-finais. Borna Coric entrou para o encontro muito solto e no primeiro set nunca teve o seu serviço em risco, fazendo uso das suas sólidas pancadas tanto de esquerda como de direita para bloquear o maior ritmo de jogo imposto por Roger Federer. Até que, depois de 10 jogos sem qualquer break point, o menos experiente dos dois tenistas adiantou-se com uma quebra de serviço que acabaria por ser confirmada com a conquista do parcial.
Com a confiança redobrada, o jovem de 21 anos não baixou o nível e conseguiu rapidamente quebrar o serviço do primeiro cabeça de série pela segunda vez na contenda. No entanto, quando liderava por 4-2, Borna Coric teve uma súbita quebra de rendimento o que fez Roger Federer renascer para o encontro e alinhar quatro jogos seguidos que lhe permitiram arrecadar o segundo set.
Por fim, no terceiro e decisivo parcial, foi Borna Coric a quebrar mais uma vez de entrada, mas desta vez a resposta do jogador helvético não se fez esperar. O tenista natural de Zagreb viria a ter nova vantagem de um break alcançado ao sétimo jogo, mas o número um mundial teve nervos de aço, respondeu e fechou o encontro com o quinto break a seu favor.
E agora, a final. Mais uma final. A terceira do ano para Roger Federer, na qual o tenista suíço de 36 anos tem a possibilidade de juntar o título de campeão de Indian Wells aos do Australian Open e do ATP 500 de Roterdão. A fazê-lo, repetirá a conquista de 2017 e chegará, assim, aos 6 títulos na Califórnia (e 28 em torneios da categoria).
Mas para isso terá de passar por um jogador com grande poder de fogo. Será ou Juan Martin del Potro, ou Milos Raonic. O argentino e o canadiano são os protagonistas da segunda e última meia-final e procuram o primeiro título das respetivas carreiras em ATP Masters 1000, algo que Borna Coric também procurava fazer. E por falar outra vez no croata, será a partir de segunda-feira o número 36 do mundo, ficando muito próximo do seu máximo de carreira (33.º).
