Serena vs. Venus. O duelo mais aguardado do torneio vai mesmo acontecer e há muito a contar

Serena e Venus Williams
Fotografia: Christopher Levy

É o duelo dos duelos. Aquele que fez aquecer as previsões antes do começo do torneio e que esta segunda-feira colocará todos de olhos postos no campo mais importante do Indian Wells Tennis Garden. Serena e Venus Williams vão defrontar-se pela 29.ª vez, a primeira em mais de um ano e no palco onde tudo começou — e de tudo aconteceu. História antes da história.

Para que acontecesse, eram necessárias três vitórias: uma de Venus Williams, que afastou Sorana Cirstea por 6-3 e 6-4; e duas de Serena Williams, que depois de no regresso aos courts ter superado Zarina Diyas venceu, esta madrugada, Kiki Bertens.

Em circunstâncias normais, este último tratar-se-ia de um encontro que merecia um artigo inteiramente dedicado ao seu desenrolar. Mas estas não são circunstâncias normais: na próxima ronda segue-se um novo encontro entre duas das mais históricas jogadoras dos últimos 20 anos e de todo o ténis, pelo que o foco muda rapidamente para esse duelo.

Despachemos os números, porque depois há muito mais para além deles: a mais nova das irmãs, Serena, levou a melhor em 61% dos confrontos, que é o mesmo que dizer que venceu 17 e perdeu 11. Na verdade, venceu os últimos três, todos eles em torneios do Grand Slam: Wimbledon 2015 e US Open 2015 e, mais recentemente e de volta aos encontros decisivos, na final do Australian Open 2017.

Trata-se de uma rivalidade que começou em 2001 (já lá vamos) e que viveu os seus anos de glória nessa década. Senão vejamos: entre 2009 e 2013 as duas deixaram de se enfrentar, voltando a cruzar caminhos apenas em cinco ocasiões.

Mas dizíamos nós que a rivalidade começou no início do século. E porque o ténis tem destas coisas, aconteceu precisamente em Indian Wells. Mas se nos dias de hoje já parecem ter passado anos suficientes para a organização do torneio se sentir confortável ao ponto de anunciar o encontro como aquele que acontece “onde se defrontaram pela primeira vez”, a verdade é que, caso tudo corra bem, segunda-feira marcará o real primeiro encontro entre Serena e Venus em Indian Wells.

É que naquele (agora) longínquo ano de 2001 a “polémica” estalou. E estalou de tal forma que a ele se seguiram longos anos de ausência das duas irmãs do torneio. Serena terminou o “boicote” 14 anos depois, Venus fê-lo no ano seguinte, em 2016. Os motivos que levaram as irmãs mais famosas — e bem sucedidas — da história do ténis a fazê-lo dariam pano para mangas (ou, adaptando à realidade dos dias de hoje, teclas para um outro artigo), mas é importante partilhar algum contexto.

Nessa época, Serena e Venus exibiram-se de tal forma em Indian Wells que ganharam direito a disputar as meias-finais do torneio. Quis o sorteio que as duas estivessem na mesma secção do quadro e assim medissem forças nessa fase. Seria o primeiro encontro de sempre entre ambas no circuito profissional, até que na véspera Elena Dementieva acusou Richard, o pai Williams, de “decidir” os encontros entre as duas filhas — mais tarde, a russa veio a dizer que se tratara de uma “piada”.

Mas o que realmente teve influência na ausência das irmãs Williams de Indian Wells foi o que aconteceu daí para a frente. A poucos minutos do início da tão aguardada meia-final, Venus desistiu devido a uma lesão. Ao anúncio, o público reagiu com assobios. Assobios esses que se prolongaram ao encontro do dia seguinte quando, já na final, Serena enfrentou (e venceu) Kim Clijsters. De erros não forçados a duplas-faltas, muitos foram os pontos perdidos pela tenista da casa que o público norte-americano celebrou de forma efusiva, alternando as palmas com os assobios.

Mais tarde, o pai, Richard Williams, disse ter ouvido insultos racistas e as duas tenistas viriam a descrever a experiência como “aterrorizadora”. E assim, aquele que prometia ser um palco de sonho (foi lá que Serena somou a sua primeira grande vitória, ao derrotar Steffi Graf em 1999) rapidamente se tornou um pesadelo para as irmãs Serena e Venus Williams.

Até 2015, quando as duas começaram, à vez, a regressar. Agora, a história está a ser reescrita e ambas querem voltar a vencer: enquanto Serena procura melhorar a final alcançada em 2016, onde falhou a conquista do seu segundo título, Venus quer conquistar o seu primeiro título no deserto californiano. Para saber quem vai vencer teremos de esperar por segunda-feira, mas é garantido que será um encontro de muitas, muitas emoções. E, se tudo correr bem, de redenção entre compatriotas.

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