Joana Valle Costa: “Os treinadores portugueses devem passar mais tempo em tentar perceber e a estudar a atleta feminina”

Joana Valle Costa LSU2
Fotografia: Steve Franz

Joana Valle Costa, de 22 anos, encontra-se nos EUA desde janeiro de 2014 e, numa altura em que está na reta final do seu percurso académico, falou com o RAQUETC sobre como serão os próximos tempos. A carreira tenística é um dos focos da lisboeta que integra a Louisiana State University (LSU).

“Ainda tenho mais um semestre, mas este semestre vai consistir no estágio para eu poder acabar o curso. Vou estar a trabalhar com o departamento de Sports Communications aqui na LSU”, começou por dizer Joana Valle Costa, que está a cursar Sports administration com minor in business and leadership.

Em 2017, Joana Valle Costa participou somente em um torneio do circuito profissional — o Cantanhede Ladies Open, durante o verão — mas a curto prazo o objetivo, indica, é começar a apostar nos eventos do circuito da Federação Internacional de Ténis. Para tal, a preparação será feita juntamente com a equipa da LSU.

Joana Valle Costa a defender as cores da LSU. Fotografia: Bridgette Hogan

“Serei também treinadora assistente da equipa da LSU, para poder ganhar uma certa experiência como treinadora e para poder continuar os meus treinos, de maneira a começar a jogar Futures assim que estiver preparada”, revelou a antiga número 782 da hierarquia mundial.

A calendarização dos torneios será feita em conjunto com os treinadores da LSU. ” Só agora é que acabei as minhas aulas mais difíceis, por isso agora vou focar-me na minha carreira tenística. Vou integrar-me nos treinos da equipa da LSU e começar a planear torneios com os treinadores daqui”, acrescentou.

Treino mental como chave para singrar

É sobejamente conhecido o papel fulcral que o desporto tem na formação dos norte-americanos e, por isso, é com naturalidade que se assiste à tremenda competitividade inerente aos campeonatos universitários de ténis e basquetebol, por exemplo.

A viver por dentro esta realidade, Joana Valle Costa falou sobre o trabalho que é feito com os atletas, sem deixar de abordar também o ténis feminino português. ” Na minha opinião, e por aquilo que aprendi aqui nos Estados Unidos, o ténis feminino é muito diferente do ténis masculino, e uma das maiores diferenças é o treino mental. Na verdade, concordo com o facto que o treino feminino dentro e fora do campo deva ser tratado de maneira completamente diferente. Acho que os treinadores portugueses devem passar mais tempo em tentar perceber e a estudar a atleta feminina”, observou.

A jogadora portuguesa destaca a “parte mental” como sendo uma das chaves para o sucesso dentro e fora dos courts. “Pela minha experiência pessoal, aqui nos Estados Unidos dão muito valor à parte mental e acho que cresci muito como atleta e como pessoa porque os meus treinadores sempre estiveram do meu lado. Sim, trabalha-se muitas horas mas acho que as horas que passamos no ténis são bem passadas, o que às vezes em Portugal não acontece”, afirmou.

Sobre o Centro de Alto Rendimento do Jamor (CAR)…

Em setembro último, o CAR começou a apoiar de forma integral as jogadoras portuguesas, algo que de resto já acontecia com os atletas masculinos. Joana Valle Costa considera o CAR uma “grande oportunidade”, mas é preciso mais.

“Acredito que seja uma grande oportunidade mas terá que haver mais condições. O CAR abre muita portas mas, cabe às atletas de usufruir da maneira correta e cabe aos treinadores e staff de gerirem todos os atletas consoante as suas necessidades, porque cada atleta é diferente do outro”, comentou.

Fed Cup na mira

Joana Valle Costa participou em três encontros ao serviço da seleção portuguesa da Fed Cup (todos em 2013) e admite que seria um prazer voltar a equipar de quinas ao peito. “Se for convocada, terei todo o prazer! Sempre foi algo que me cativou”, frisou a lisboeta, que ainda procura o primeiro triunfo na maior competição de ténis feminino entre nações.

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