Juntos, formaram uma dupla de sucesso. Uma dupla como, aliás, não há nem houve igual. Uma dupla reconhecida e falada um pouco por todo o mundo. E admirada, claro. Agora, e porque tudo tem um fim, a aventura chega ao fim: o US Open foi o último torneio do Grand Slam para Toni Nadal como treinador e a história encerrou-se tal como começou: com sucesso.
Vinte e oito (isso mesmo, vinte e oito — 28) anos depois de ter colocado a primeira raquete nas mãos de Rafael, Toni afasta-se. Por escolha própria, e uma escolha muito pensada, sim, mas que chegou como uma surpresa para todos. Incluindo… O sobrinho. O anúncio foi feito em fevereiro, numa conferência em Itália, e antes de informar Rafael Nadal da decisão.
Porque o tempo não pára (entretanto, Toni Nadal celebrou o seu 56.º aniversário) e agora quer passar mais tempo com a sua família e dedicar-se a um outro projeto que tem um grande significado para os dois: a Rafa Nadal Academy, que abriu em Maiorca no ano de 2016. Mas como Rafael Nadal lembra ao The New York Times, “ele não vai viver para outra parte do mundo nem nada que se pareça. Vive a 100 metros da minha casa e vai trabalhar na Academia, que vai continuar a ser a minha base.”
Mas qual foi o segredo para o sucesso, para que lado a lado Rafael e Toni celebrassem a conquista de 74 títulos (16 deles em torneios do Grand Slam e 30 em Masters 1000), outras 35 finais, medalhas olímpicas e a chegada ao topo do ranking? Segundo o tio mais famoso do circuito, em declarações ao jornal norte-americano, “é a minha vontade de ter uma aprendizagem constante. Para mim, o que me distingue dos outros treinadores é que quando vou ao balneário posso dar os parabéns ao Rafa, dizer-lhe que jogou bem, mas a minha ideia é sempre pensar no que é que podemos melhorar e continuar a melhorar.”
“Eu digo-lhe ‘olha para o Federer, olha como está a jogar. Tens de ir mais à rede, tens de ser mais agressivo desde o início’ e é esta a abordagem que tenho em toda a minha vida. É uma questão de princípio”, contou o treinador.
“O progresso é o que distingue o ser humano dos restantes animais de um planeta. O leão tem o mesmo comportamento há milhares de anos. Os humanos não, têm aprendido, evoluído e é isso que nos torna quem somos. Estamos a evoluir, é assim que funciona e foi isso que consegui fazer com que o Rafa interiorizasse.”
E se interiorizou:
Em 2002, começou a brilhar no circuito júnior; depois, foi uma questão de (pouco, muito pouco) tempo até que começasse a assumir-se como uma estrela do circuito profissional: do dia 29 de abril de 2002 (em que, aos 15 anos e 10 meses, somou a sua primeira vitória no circuito ATP) até 5 de junho de 2005 (quando venceu Mariano Puerta para conquistar Roland Garros) passaram apenas três anos.
E aí, aí nasceu um “monstro”. Um dos melhores tenistas que o mundo já conheceu, que tornou conhecida a “mordidela” nos títulos que foi conquistando ano após ano, que fez capas em Espanha e fãs em todo o mundo.
Rafael Nadal é, hoje, um dos melhores desportistas do planeta — da atualidade e da história — e se assim o é deve-se, em grande parte, ao trabalho realizado pelo tio. Que o formou enquanto jogador mas, mais do que isso, enquanto homem. E por isso os 16 títulos do Grand Slam, as 4 Taças Davis, as 2 medalhas olímpicas, o primeiro lugar do ranking e muitos outros feitos pertencem aos dois.
No final da temporada, ou seja, no ATP Finals (curiosamente, o único grande título que Rafael Nadal ainda não conquistou), Toni Nadal despede-se do circuito. Se voltará, ninguém sabe, mas também ele já tem o seu lugar guardado na história.