De um lado, Rafael Nadal. Do outro, Roger Federer. Este poderia ser o cenário da meia-final mais mediática da jornada de sexta-feira, em Flushing Meadows, mas pela sexta vez Nova Iorque viu o tão desejado e ainda inédito “Fedal” no US Open desfazer-se a apenas um encontro de acontecer.Desta vez, pelas mãos de Juan Martin del Potro, que voltou a fazer das suas contra um gigante do ténis para regressar às meias-finais.
Por culpa do sorteio e do momento de forma dos seus dois contemporâneos, o nome de Juan Martin del Potro foi um pouco desprezado ao longo dos primeiros dias. A maioria das conversas (e olhares) focavam-se na forma de Rafael Nadal, que foi cumprindo, e de Roger Federer, que até hoje, com mais ou menos dificuldades, também o tinham feito. Mas na metade superior do quadro havia ainda o vice-campeão olímpico, responsável por várias das eliminações mais memoráveis desde o seu mais recente regresso.
E foi com a missão de relembrar isso mesmo que a Torre de Tandil regressou ao Artur Ashe Stadium esta quarta-feira. Em plena sessão noturna, tal como quando venceu em 2009, reeditou o duelo que lhe deu o troféu frente a Roger Federer e a história não foi assim tão diferente: esta madrugada, venceu por 7-5, 3-6, 7-6(8) e 6-4 para completar o alinhamento das meias-finais.
À procura de mais um título do Grand Slam — que a acontecer completaria o registo perfeito nos Majors em que participou este ano –, Federer (campeão do Australian Open e de Wimbledon) teve grandes responsabilidades nesta surpreendente derrota: esteve muito aquém no serviço (só colocou 61% dos primeiros serviços e venceu 73% desses pontos), cometeu demasiados erros não forçados (41) e insistiu demasiadas vezes em apontar para o lado direito de Juan Martin del Potro, aquele em que o argentino de 28 anos tem maior poder de fogo e capacidade para fechar os pontos.
Já del Potro, fez aquilo a que tem habituado todos aqueles que o observam há cerca de uma década: mantêve-se calmo, independentemente das circunstâncias, e confiou no seu serviço e pancada de direita para fazer a diferença. Que conseguiu alcançar mesmo se, claro, pelo meio enfrentou algumas dificuldades. Foram os casos do segundo set, dominado por Federer, e do terceiro, em que até teve um break de vantagem mas deixou escapar a liderança até ao tiebreak, onde teve de salvar quatro(!) set points. Aí, o duelo ficou decidido.
Se é verdade que o encontro não correspondeu totalmente às expetativas em termos de nível de jogo, também o é que assim foi em muito por culpa do argentino, que soube manter-se firme quando realmente tinha de o fazer. Ao mesmo tempo, na box de Roger Federer, o desespero tornava-se cada vez mais evidente perante a falta de soluções.
E assim, ao fim de 2h50, Juan Martin del Potro impingiu a Roger Federer a sua segunda derrota em 12 encontros dos quartos de final em Flushing Meadows. Curiosamente, é também a segunda derrota do helvético em sessões noturnas no Artur Ashe (contra 34 vitórias), tendo a primeira acontecido precisamente no encontro dos “quartos” que perdeu para Tomas Berdych, em 2012.
Agora, o número 28 do mundo vai tentar fazer o que conseguiu em 2009: derrotar Roger Federer e Rafael Nadal para conquistar o seu segundo título do Grand Slam. Desta vez, o duelo com o espanhol é nas meias-finais, sendo que do outro lado do quadro estão Kevin Anderson e Pablo Carreño-Busta, dois estreantes nestas andanças.