His Majesty, the King: Roger Federer faz história em Wimbledon ao sagrar-se campeão pela 8.ª vez

Recordista em títulos (19) e finais em torneios do Grand Slam (a deste domingo foi a 29.ª da carreira), Roger Federer entrou no Centre Court do All England Club em busca da história e cada vez mais perto de completar com sucesso absoluto a missão que esteve por trás da preparação que fez para a temporada de 2017.

Não era o Masters 1000 de Miami, não era o de Indian Wells e ainda menos o Australian Open o torneio no qual o helvético colocara os olhos quando se preparou para o regresso depois de meio ano de ausência devido a lesão, mas quis o tempo e a história que o sucesso se antecipasse à expetativa e a vitória acontecesse logo ali, em Melbourne.

Só que mesmo com estas conquistas, que apesar do historial surpreenderam o omundo e o próprio suíço, Roger Federer continuou sem nunca o esconder: o “grande objetivo” para 2017 era e continuava a ser voltar a vencer em Wimbledon, um torneio onde desde 2012 partilhava o recorde de títulos com Pete Sampras e onde em 2014 e 2015 — em ambos os casos para Novak Djokovic — falhara o passo final: conseguir a 8.ª vitória, aquela que lhe permitiria erguer o dourado e histórico troféu por mais vezes do que qualquer jogador. Um luxo a que esta época de ouro do ténis nos habitua agora, numa época com tanto de espetacular como irreal, protagonizada sobretudo por duas lendas que o ténis viu nascer há quatro décadas.

Mas vamos ao jogo propriamente dito: frente a frente pela oitava vez na carreira, Roger Federer e Marin Cilic mediam forças na final de um torneio do Grand Slam pela primeira vez. A história e o favoritismo estavam, claro, do lado do suíço, mas o croata tinha na memória a vitória em três sets conseguida nas meias-finais do US Open 2014 — que o levou ao seu primeiro e único Major. Mais recentemente, há precisamente um ano, tinha liderado por 2-0 nos quartos de final de Wimbledon 2016, pelo que deixando de parte o facto de hoje disputar uma final, o terreno não era desconhecido ao pupilo de Jonas Bjorkman (um ex-semifinalista).

Depois de um começo algo nervoso, em que chegou a tremer e ter de salvar um break foi, Federer fez valer da experiência e adiantou-se com uma quebra de serviço que viria a revelar-se decisiva para a conquista do primeiro set. E o primeiro set pareceu, de facto, ser o desbloqueador do encontro, com o campeão em título do Australian Open a entrar de rompante num segundo parcial que viu Marin Cilic sentar-se em lágrimas na cadeira e pedir a assistência do fisioterapeuta do torneio.

Já no início do terceiro set, que chegou num piscar de olhos depois da clara descida de nível devido a esses problemas, o especialista tratou do pé esquerdo do tenista croata, que procurou voltar ao jogo e inverter a desvantagem. No entanto, era tarde demais.

E assim, em torneio, tarde e final de Realeza, também o campeão foi Real: aos 35 anos, Roger Federer conseguiu, por fim, fazer aquilo que mais nenhum jogador se pode orgulhar de ter alcançado: sagrar-se campeão do histórico torneio de Wimbledon por oito vezes, agora com uma vitória por 6-3, 6-1 e 6-4 sobre Marin Cilic, que caiu, mas caiu de cabeça erguida num court onde há 16 anos Goran Ivanisevic se tornou no primeiro (e único) croata a vencer — e também primeiro (e único) da história a fazê-lo enquanto wild card.

Agora, os recordes são muitos — cada vez mais, na verdade: o mais significativo deles, o número de torneios do Grand Slam ganhos, 19. Não há ninguém no circuito masculino com tantos troféus, sendo Rafael Nadal (15) o que está mais perto desse número. Depois, o 8.º em Wimbledon, número nunca antes alcançado e conseguido na semana em que se tornou no jogador com mais quartos de final, meias-finais e vitórias em Wimbledon.

É caso para dizer que ao suíço só falta um recorde no All England Club, e também esse deverá ser batido: o de mais jogos disputados no Major, registo máximo até hoje pertencente a Jimmy Connors mas igualado com a presença na final (102 encontros).

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