“Um dia vais conseguir ganhar aqui.” Foi esta a frase dita por Serena Williams a Garbine Muguruza durante o cumprimento à rede após o último ponto da final de Wimbledon 2015, que viu a norte-americana vencer o torneio pela sexta vez. E porque o ténis tem destas coisas, dois anos depois a jogadora espanhola conseguiu mesmo estrear-se a vencer no All England Club, derrotando na final… A outra irmã Williams, Venus.
Numa batalha de gerações, desafios pessoais, dúvidas e críticas, Garbine Muguruza (23 anos) e Venus Williams (37) foram as protagonistas de uma final de um enorme peso por tudo o que havia em jogo: para a espanhola, o primeiro título em Wimbledon e o segundo da carreira em torneios do Grand Slam; para a norte-americana, o regresso aos títulos nos quatro maiores torneios do mundo pela primeira vez em nove anos. E, ao mesmo tempo, o fim de todas as incertezas.
À entrada para a final, quer Garbine, quer Venus tinham perdido apenas um set nos seis encontros anteriores e por isso adivinhava-se um duelo equilibrado. E assim, perante um Centre Court esgotado pelos cerca de 15.000 espetadores que não quiseram perder o coroar da nova campeã, as duas jogadoras duelaram ao nível que se pedia.
Na final, com o título de Wimbledon em jogo, foi a irreverência que superou a experiência, num encontro que acabou por ficar decidido após um primeiro set bastante equilibrado. A espanhola, que procurava na sua segunda final em Wimbledon conquistar pela primeira vez o troféu, foi mais forte nos momentos decisivos e críticos do set inicial, ao salvar dois set points quando servia a 4-5.
A partir desse momento, Garbiñe Muguruza embalou para o título ao vencer 9 jogos sem resposta. A tenista natural de Caracas somou um total de 14 winners contra apenas 11 erros não forçados, ao passo que a mais velha das irmãs Williams acabou por fazer 17 pontos sem resposta, mas 25 erros não provocados.
Depois da desilusão na final de 2015, e quando corrida 1h16 de encontro, o momento de glória de Garbine Muguruza na Meca do ténis: aos 23 anos, a melhor jogadora espanhola da atualidade pôde erguer o troféu que todos as crianças, adolescentes e adultos sonham um dia conquistar graças aos parciais de 7-5 6-0 frente a uma das maiores jogadoras da história do torneio e do desporto.
É histórico para si mas também para o ténis espanhol, que desde 1994 não via uma representante vencer o quadro principal de singulares femininos do torneio mais conhecido do mundo. Na altura, a protagonista foi Conchita Martínez, que hoje celebrou de um dos camarotes do Centre Court a conquista da sua pupila. Lá está, o ténis tem destas coisas.
