A história que começou em 2001 — quando Roger Federer surpreendeu Pete Sampras na quarta ronda de Wimbledon em pleno Centre Court — pode estar perto de ganhar um novo capítulo, mais um recheado de história, registos inigualáveis e que continuam a demonstrar que no ténis poucas ou mesmo nenhumas barreiras ficam por quebrar.
Aos 35 anos, e depois de um começo de época que o viu conquistar novamente o Australian Open e os Masters 1000 de Indian Wells e Miami, o tenista suíço carimbou nesta sexta-feira o apuramento para a final de Wimbledon pela 11.ª vez na carreira. A qualificação foi conseguida com um triunfo por 7-6(4), 7-6(4) e 6-4 sobre Tomas Berdych, que procurava a sua segunda presença em finais do Grand Slam.
Com os olhos no oitavo troféu no All England Club, Federer teve pela frente um adversário contra o qual registava 18 vitórias nos 24 encontros anteriormente disputados, mas a favor do jogador checo estava o importante triunfo conseguido em 2010, nos quartos da edição que viria a marcar a sua estreia em finais de torneios Major.
Por isso, e apesar do número 4 do mundo ser claro favorito à vitória, não se esperava tarefa fácil para nenhum dos dois jogadores. E o primeiro set provou isso mesmo: o primeiro break do encontro foi conseguido por Federer mas não demorou até que fosse anulado por Berdych, que viria a adiar a decisão para o tiebreak, onde o helvético conseguiu fazer a diferença nos detalhes.
No fundo, o encontro assemelhou-se a uma partida de xadrez: foi precisa muita paciência e saber atacar no momento certo para fazer a diferença e nesse capítulo foi Roger Federer quem, mais experiente, soube destacar-se. Não fosse a ausência de breaks e o segundo parcial teria sido um reflexo perfeito do primeiro, com um tiebreak a ser necessário para se encontrar o vencedor. Mais uma vez, de nome suíço.
Difícil de quebrar mas, ao mesmo tempo, sem soluções que lhe permitissem fazer a diferença, Tomas Berdych viu-se preso numa maré difícil de contrariar e foi apenas uma questão de tempo até que o triunfo — o 11.º consecutivo — sorrisse a Roger Federer. O Centre Court, palco histórico do ténis, reagiu depressa, como que previamente preparado para tal celebração: entre gritos e aplausos, os cerca de 15.000 espetadores partilharam, de pé, a emoção do momento com o suíço.
Registos históricos
Com recordes atrás de recordes já do seu lado, Roger Federer aumentou esta sexta-feira alguns registos nos quais é líder: tem agora 11 presenças em finais de Wimbledon (atrás estão Boris Becker, Arthur Gore e Pete Sampras, todos com 7) e 29 em torneios do Grand Slam (é seguido de Rafael Nadal, que tem 22, e Novak Djokovic, com 21).
Mas há dois registos que quer aumentar mais do que todos os outros: o de vitórias em Wimbledon — caso vença a final, “liberta-se” dos 7 títulos partilhados com Pete Sampras para passar a ser o recordista no All England Club e chega aos 9 troféus de campeão em torneios do Grand Slam, melhorando uma marca recorde que no que diz respeito ao circuito masculino já lhe pertence.
Uma final inédita e com história para qualquer um dos lados
A final da edição de 2017 do torneio de Wimbledon colocará frente a frente Roger Federer e Marin Cilic. O encontro, que nunca se verificou numa final de um torneio do Grand Slam — esta é a segunda presença de Cilic em encontros de tamanha importância, ele que em 2014 conquistou o US Open –, é aguardado com grande expetativa e será histórico para qualquer um dos vencedores.
Do lado de Federer já se sabe o que está em jogo. Já no caso do melhor tenista croata da atualidade, que com a vitória na primeira meia-final desta sexta-feira se tornou no sexto jogador ainda em atividade a atingir pelo menos duas finais de torneios do Grand Slam (além dos Big Four, apenas Stan Wawrinka tinha repetido essa façanha), está em jogo o segundo título para um tenista croata. O primeiro (e único) a consegui-lo em Wimbledon foi Goran Ivanisevic, o único da história do torneio a fazê-lo enquanto wild card, no ano de 2001 (já tinha jogado a final em 1992, 1994 e 1996).