Caiu o campeão de Roland Garros: depois de 10 encontros seguidos sem conhecer o sabor da derrota, Rafael Nadal voltou a abandonar o court sem a vitória ao ser surpreendido pelo luxemburguês Gilles Muller, que alinhou a melhor exibição da carreira para vencer um duelo com contornos épicos pelos parciais de 6-3, 6-4, 3-6, 4-6 e 15-13 e avançar para os quartos de final de Wimbledon pela primeira vez na carreira.
O começo do encontro deu logo provas de que o luxemburguês de 34 anos estava em campo para causar sarilhos ao campeão em título de Roland Garros. Vindo do título em s-Hertogenbosch e das meias-finais no Queen’s Club, o luxemburguês de 34 anos — que esta época está a praticar o seu melhor ténis e a superar várias barreiras a nível pessoal — venceu o primeiro set e tornou-se no primeiro desde Dominic Thiem, no Masters 1000 de Roma, a conquistar uma partida frente ao espanhol.
Na altura, nem os jogadores nem o público o sabiam, mas o que se seguiria ficaria para a história das respetivas carreiras e do torneio: depois de ganhar o primeiro set, Gilles Muller também venceu o segundo e colocou o tenista espanhol numa posição delicada.
Sem recuperar de uma desvantagem de dois sets a zero no All England Club desde 2007, Rafael Nadal tinha contra si os números. Só que o número 2 do mundo, já bem habituado a estas andanças, sabe contrariar as probabilidades e voltou a dar provas disso. Venceu o terceiro e o quarto sets pelos mesmos números que o seu adversário para adiar a decisão do encontro para um sempre entusiasmante quinto conjunto.
E a verdade é que seria difícil pedir mais entusiasmo a este encontro. Sem breaks registados nos nove primeiros jogos, Gilles Muller gritou “basta!” ao décimo e chegou aos dois match points no jogo de serviço de Rafael Nadal, que quase em posição de xeque-mate resgatou o encontro com dois serviços de altíssimo nível. A partir daí, começou uma nova batalha, uma sem limites postos por um tiebreak.
Forçados a ganharem dois jogos consecutivos para selarem a vitória, os dois jogadores levaram o público presente no No. 1 Court de Wimbledon à “loucura” com o ténis praticado e a emoção proporcionada.
Muito, muito entusiasmados, lutaram como dois guerreiros em plena arena por um triunfo com contornos épicos até que, com o público de pé (o árbitro de cadeira chegou a ter de pedir a alguns espetadores para se sentarem), Gilles Muller continuou a segurar os seus jogos de serviço de forma autoritária e, ao 28.º jogo, quebrou o “saque” a Nadal quando estavam decorridas 4h46 de encontro para selar a vitória a 15-13.
Confortável na relva — que este ano até já recebeu várias críticas de algumas das estrelas que a têm pisado –, Muller fez o que não fazia há 12 anos, e precisamente no mesmo palco só que hoje com números muito mais emocionantes e um outro significado: bateu Rafael Nadal, agora na quarta (e não na segunda) ronda, para chegar pela primeira vez aos quartos de final de um Major britânico e segunda num torneio do Grand Slam, depois do US Open de 2008.
Segue-se Marin Cilic, sétimo cabeça de série, num duelo que será a reedição das meias-finais do Queen’s Club, que o tenista croata (campeão do US Open em 2014) ganhou.
Artigo atualizado às 21h18: Gilles Muller quebrou o serviço de Rafael Nadal no último e não no penúltimo jogo do encontro, como referimos inicialmente.
