Judy Murray é a mãe de Andy e Jamie Murray, ex-treinadora da Grã-Bretanha na Fed Cup e uma das pessoas mais ativas no que toca à “luta” pelo desenvolvimento do ténis no seu país, a Escócia, com particular foco nas gerações mais jovens.
Esta semana, numa entrevista ao Radio Times, a treinadora britânica afirmou que “o ténis é um mundo dominado pelos homens. Temos quatro vezes mais rapazes a começarem a praticar este desporto do que raparigas e cinco vezes mais homens a exercerem funções de treinadores do que mulheres. Quando comecei a treinar a nossa seleção na Fed Cup, e 2012, reparei que não havia cobertura mediática nem público e aí percebi que íamos ter de trabalhar muito para conseguir atrair atenção ao ténis feminino.”
Apesar de reconhecer que “o ténis feminino conta com transmissão televisiva e uma boa cobertura nos média” no seu país, o que faz com que esteja “numa posição favorável em relação a outros desportos femininos”, Murray diz que o maior problema no que ao Reino Unido diz respeito é “no nível de entrada”, ou seja, quando as crianças começam a praticar um desporto.
É nesse sentido que Judy Murray tem procurado trabalhar, desenvolvendo várias iniciativas junto dos mais novos um pouco por toda a ilha. E explica porque é que o fenómeno do desinteresse se tem verificado: “As raparigas ganham consciência mais cedo. É quase como se crescessem demasiado depressa e são muito influenciadas pelas redes sociais, pelas revistas de moda, websites e reality shows“.
“Antigamente, o desporto perdia as raparigas aos 17 anos. Agora perde-as muito antes. Correr e aulas de exercícios passaram à frente, ganharam mais praticantes. Para se jogar ténis é preciso um court, alguém para jogar e há sempre desafios no que à acessibilidade diz respeito.”
Como forma de combate ao problema que encontrou, a mãe do número 1 mundial de singulares (e também do ex-número 1 mundial de pares, que até foi o primeiro dos dois irmãos a chegar ao primeiro lugar de um dos rankings) já pensou em duas soluções: “O She Rallies é um programa que procura desenvolver e aumentar a participação das raparigas e mulheres no ténis. É quase como um ‘exército feminino’ de mães, treinadoras e alunas que gostem de ténis e estamos a tentar treinar o máximo de pessoas possível para continuar a desenvolver o desporto.”
Ao mesmo tempo que reconhece que a ‘marca’ Murray a ajudou no sentido em que “muitas mais pessoas passaram a ver quem eu sou realmente” e lhe permitiu “usar o meu perfil para encorajar mais raparigas a jogarem ténis”, Judy tem como segunda solução combater a ideia com um aumento da presença das atuais jogadoras britânicas nos locais de influência para as jovens.
“As nossas jogadoras têm de estar presentes nas redes sociais, nas revistas e nos reality shows. Ser tenista profissional também é um negócio e tens de compreender qual é o negócio enquanto tenista profissional. E se a tua popularidade vai aumentar por interagires mais com os fãs, e possivelmente com patrocinadores, então é isso que tens de fazer.”