A tradição, a história, o significado. Não há palco mais emblemático do que All England Club e o torneio de Wimbledon e parecia ser no terceiro torneio do Grand Slam do ano que João Sousa ia reencontrar o caminho das vitórias, mas um ponto ditou a mudança no rumo do marcador e o tenista português acabou derrotado (3-6, 7-6[5], 6-4 e 6-4) na primeira ronda do quadro principal de singulares pela terceira vez.
Porque no ténis todos os detalhes e todos os pontos contam para o rumo de um encontro, o set point desperdiçado quando servia a 5-4 no segundo set foi decisivo para o desfecho da estreia do vimaranense de 27 anos, que esta segunda-feira desceu para o 62.º posto do ranking ATP, frente ao alemão Dustin Brown — número 97 do ranking e sempre muito à vontade em campos rápidos.
Depois de um primeiro set irrepreensível e de um começo arrasador no segundo parcial, João Sousa recolhia elogios atrás de elogios quer de vários utilizadores das redes sociais, quer dos comentadores da BBC, a cadeia que acompanha Wimbledon há 90 anos. A “exibição fantástica” do melhor tenista português parecia encaminhada para um único caminho, o da vitória, mas aquele ponto fez a diferença: fez desaparecer a vantagem do pupilo de Frederico Marques, deu esperança a Dustin Brown e mudou tudo.
A partir daí, Dustin Brown elevou a eficácia das suas pancadas e conseguiu criar mais dificuldades ao número 1 luso, que deixou de conseguir fazer a diferença com o serviço — até então irrepreensível — e a resposta, que Frederico Marques, o seu treinador, tinha elogiado e apontado como uma das chaves do encontro quando falou com o RAQUETC.
O treinador português disse, aliás, que a decisão do encontro passaria “por duas ou três bolas chave, um ponto de break convertido ou não em cada set“, e a realidade não poderia ter correspondido mais ao alerta de Marques: para além do set point desperdiçado no segundo set, João Sousa teve também um ponto de break no terceiro que lhe permitia recuperar terreno no marcador, mas não o consegui converter.
Cada vez mais confiante, Dustin Brown soltou o seu jogo e foi, tal como no terceiro, o único a conseguir fazer a diferença no serviço do adversário durante o quarto set, ao quebrar a primeira pancada de Sousa a 1-2 e avançar para a vitória, que chegou quando estavam concluídas duas horas de encontro.
Com a derrota na primeira ronda, João Sousa junta esta às participações de 2014 e 2015, em que também não consegui somar uma vitória em Wimbledon, e falha a defesa dos pontos alcançados em 2016, quando alcançou a terceira eliminatória. A atravessar uma fase menos positiva, o jogador português natural de Guimarães já não vence um encontro desde a primeira ronda de Roland Garros e, em torneios ATP, desde o Masters 1000 de Monte Carlo, há dois meses.