Bernard Tomic. Foi prodígio e sensação no circuito junior e desde muito cedo apontado como um dos futuros melhores jogadores do mundo. Agora, aos vinte e dois anos e depois de muitas polémicas, vive um dos melhores momentos da sua carreira e parece no caminho certo para competir junto dos melhores.
Nesta entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, o australiano fala da sua geração, da ambição de vencer a Taça Davis e dos pontos-chave para evoluir como nunca. “Um Bernard Tomic mais maduro”, assim se define, em entrevista:
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Entrevista
- Ténis Portugal: Desde Bogotá, onde conquistaste o teu primeiro título após cirurgias às costas, os teus resultados têm melhorado significativamente. Consegues descrever essa semana? Que emoções sentiste?
Bernard Tomic: Eu vinha de um período difícil, em que os meus resultados não tinham sido suficientemente bons. Tinha de provar a mim próprio que conseguia vencer grandes jogos novamente e fazê-lo em Bogotá com condições desafiantes era aquilo de que precisava.
- Ténis Portugal: Nos últimos tempos o Lleyton Hewitt começou a disputar menos torneios mas praticamente em simultâneo surgiste tu e, claro, o Nick Kyrgios e o Thanasi Kokkinakis. Sentes-te o ‘líder’ desta nova geração?
Bernard Tomic: Não me sinto o líder da nova geração, sou o mais velho entre ela mas é só isso. Eles têm-se saído muito bem nos últimos meses e estamos todos a puxar uns pelos outros, o que acaba por ser benéfico para cada um de nós.
- Ténis Portugal: E como encaras o aparecimento do Nick e do Thanasi? Dão-te motivação?
Bernard Tomic: Competimos dentro do court mas somos amigos fora dele. Eles são meus colegas na Taça Davis e temos grandes ambições para esta competição em relação aos próximos anos. É uma competição saudável.
- Ténis Portugal: Qual é o segredo do ténis australiano para conseguir produzir tantos jogadores de top? Achas que o futuro está bem assegurado?
Bernard Tomic: O ténis sempre foi um grande desporto na austrália. Houve uma espécie de distanciamento entre o [tempo do] Lleyton Hewitt e a nossa geração mas agora estamos a encurtá-lo. O jogo está muito bem estruturado no nosso país, desde os jogadores amadores aos profissionais, o que ajuda a criar novos talentos portanto sim, posso dizer com segurança que o futuro está bem assegurado.
- Ténis Portugal: Quanto a esse mesmo futuro, como lidas com a pressão de ser visto como uma das principais ‘esperanças’ desde tão novo?
Bernard Tomic: Estou a tentar evoluir passo a passo. Sei que posso vencer os jogadores de topoe estou muito ansioso por cconseguir melhorar a minha consistência ao longo da época. Até agora é isto que tenho feito e espero poder continuar assim.
- Ténis Portugal: O que é que a Taça Davis significa para ti e quais pensas serem as hipóteses da Austrália vencer este ano contigo? É um sonho teu vencer?
Bernard Tomic: A Taça Davis tem uma grande história e tradição na Austrália. Gostávamos muito de conseguir ter os nossos nomes entre as lendas do desporto que já venceram a competição. A nossa nova geração de jogadores é forte mas talvez precisemos de alguns anos até melhorar os respetivos rankings e ter uma hipótese real de vencer a Taça Davis. Queremos sonhar com isso e torná-lo uma realidade nos próximos anos.
- Ténis Portugal: Dimitrov, Raonic, Nishikori e, claro, Cilic são considerados como os principais jogadores a atacar os lugares cimeiros. Como é que te encaixarias neste grupo? Já jogaste contra alguns deles, o que é que precisas de fazer?
Bernard Tomic: Como disse anteriormente, ser consistente é o mais importante. Preciso de conseguir dar o meu melhor em cada semana do calendário e continuar a melhorar o meu nível físico. Se conseguir a trabalhar assim espero conseguir juntar-me a eles.
- Ténis Portugal: Em seis dos oito torneios que já disputaste em 2015 atingiste os quartos-de-final. Será esta a melhor fase da tua carreira? Que mudanças foram feitas para estares a este nível e tão consistente?
Bernard Tomic: Estou a jogar bem e de forma consistente portanto sim, este é o melhor momento da minha carreira a esse respeito. No entanto, nada pode substituír conquistar títulos e ir longe num torneio do Grand Slam.
- Ténis Portugal: Após o abandono em Indian Wells, novamente com um problema nas costas, regressaste a tempo de Miami. Tens objetivos definidos para as próximas semanas? O que esperas alcançar a curto-prazo?
Bernard Tomic: Gostava de terminar o ano entre os 15 e os 20 primeiros, acho que é um objetivo realista.
- Ténis Portugal: Falando agora um pouco do ténis português… Dos nossos melhores jogadores só enfrentaste o Rui Machado, em 2011 (vitória em 3 sets), mas que conhecimento tens do ténis português e agora, claro, especificamente do João Sousa?
Bernard Tomic: O João é um jogador muito bom que tem evoluído ao longo dos últimos anos, com o título em Kuala Lumpur e duas outras finais jogadas no último ano. Talvez nos defrontemos brevemente.
- Ténis Portugal: No final de 2013 disseste que, depois de venceres o teu primeiro título (em Sydney) e perderes para o Federer em Melbourne estabeleceste objetivos demasiado altos. Hoje, um ano e meio depois, o que mudou?
Bernard Tomic: Não posso ganhar um título num dia e no seguinte estar à espera de vencer os jogadores de topo. Tenho de ir passo a passo: melhorar o meu jogo, trabalhar mais e chegar a um nível de consistência que me dê oportunidades de competir e um dia derrotá-los. Não se passa tudo numa semana…
- Ténis Portugal: Qual é o teu maior sonho no ténis?
Bernard Tomic: Gostava muito de vencer um torneio do Grand Slam.
- Ténis Portugal: “I’m ready to play anyone. I am going to go out there believing I can win.” Disseste-o antes do encontro frente ao Novak Djokovic em Indian Wells. Podemos dizer que este é um ‘novo’ Bernard Tomic? Aos 22 anos, como te vês a crescer enquanto atleta profissional?
Bernard Tomic: Há definitivamente um Bernard Tomic mais maduro. Sempre acreditei que podia ganhar mas provavelmente não fazia o que era possível. Agora, com todo o trabalho que tenho tido, estou pronto para feitos maiores.