David Pires [à esquerda, na fotografia] tem trinta e três anos e dentro dos próximos dias tornar-se-à no primeiro fisioterapeuta português a viajar pelo circuito profissional masculino. É a história de uma aventura que teve início no Portugal Open e é agora contada ao Ténis Portugal.
“Licenciei-me em Alcoitão, na Escola Superior de Saúde do Alcoitão, e quando acabei o curso comecei a trabalhar na clínica R’Equilibri_us com o fisioterapeuta Raul Oliveira, que é uma das grandes referências na fisioterapia em Portugal.” O seu começo de carreira começa a ser contado à nossa equipa a apenas alguns metros do Gabinete de Serviços de Fisioterapia e de Saúde em Oeiras onde exerce a sua profissão e em que aliás pretende continuar “enquanto for possível conciliar funções.”
A ligação ao ténis sempre existiu com a solicitação de tratamento por parte de vários tenistas. O Fisioterapeuta David sentiu a necessidade de evoluir e saber mais sobre a fisioterapia na modalidade: “Aquilo que aconteceu foi que um dos fisioterapeutas que tem mais artigos publicadas sobre a fisioterapia e o ténis é o diretor dos cuidados médicos da ATP e eu acabei por entrar em contacto com ele, trocámos alguma correspondência e acabámos por estabelecer uma relação e trabalhar juntos nos Estados Unidos durante algum tempo.” A isso seguiu-se, como conta, a “proposta de fazer cá o Estoril Open, durante três anos, e depois a proposta para viajar pelo circuito mundial.”
“Não foi nada pensado”, revela ainda. “Nunca pensei ir para os EUA ou que ele me viesse a dar alguma coisa no futuro, não foi esse o intuíto [do contacto] mas sim uma tentativa de evoluir e ser melhor como fisioterapeuta porque há muitas coisas que estão escritas nos livros mas outras não, e na prática tudo é diferente. As coisas acabaram por ir evoluindo.”
Viajar com um jogador e integrar a sua equipa técnica não é, no entanto, algo que David Pires ambicione neste momento: “Acompanhar um jogador ou acompanhar o circuito são coisas completamente diferentes: acompanhar um atleta requer uma relação mais próxima, mais conhecimento do próprio atleta, enquanto esta [tarefa de viajar pelo circuito] é muito diferente, vou ter a possibilidade de tratar mais os jogadores que jogam os torneios. Viajar com um só atleta não é, para mim, algo muito aliciante neste momento, mas não ponho de lado essa possibilidade no futuro.”
A hipótese não é, no entanto, colocada de lado – apenas descartada nesta fase em que encara uma nova aventura, algo único na história da fisioterapia portuguesa. “Para mim é muito bom, é sem dúvida muito bom e não vou fugir disso, mas não quero estar a fazer o papel de porta-voz. Acho que é uma coisa muito boa para a fisioterapia aqui em Portugal e espero que os jogadores vejam que há fisioterapeutas bons no país e que possam ser acompanhados por eles. [A chamada da ATP] é sinónimo de que se fazem coisas boas por cá. Isso, mais do que tudo, mais que eu ter sido o primeiro, é importante: mostrar que fazemos coisas boas e que há jogadores que nos procuram.”
Fisioterapeuta no Portugal Open durante três anos, David Pires identifica alguns pontos comuns entre o torneio português e a tarefa que agora o aguarda, reconhecendo no então que “agora tenho outras responsabilidades, hoje em dia faço parte da equipa de fisioterapeutas ATP.”
Um começo entre os melhores
É precisamente na primeira semana do ano que arranca o trabalho de David Pires. De 5 a 10 de janeiro, começa o ‘ritual’ de “chegar um dia antes, fazer o torneio todo e ir embora. Claro que não acabam aí as funções porque há outras coisas que temos de fazer ‘por trás’ mas é mais ou menos assim, a ATP define o planeamento.” é que decide tudo, onde eu vou e onde não vou.”
Ao Ténis Portugal, David contou ainda que a sua estreia terá lugar no torneio de Doha, no Qatar, que tem Novak Djokovic, Rafael Nadal, Tomas Berdych e David Ferrer na lista de inscritos do quadro principal e Gastão Elias na de alternates.