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Crónicas. Há crónicas que são mais difíceis de começar que outras. Ainda assim, têm de ser escritas. Têm porque assim me comprometi comigo próprio. Para fugir aos resultados, às notícias-base, a tudo o que de mais mainstream um website pode ter sobre o que se passa dentro das quatro linhas. Há prazos, horas para publicar. Um pouco da mesma forma que existem encontros para se jogar e momentos para os selar.

Escrever uma notícia é-me já algo quase tão automático quanto a rotina matinal de qualquer um de nós. No caso, vejo um, dois, três ou mais jogos, reflito e dou palavras às pancadas. Tornou-se num hábito. Num hábito que tenho prazer em continuar a cumprir mas que cria em mim a necessidade de elaborar outras soluções para compensar o espaço preenchido com essas mesmas notícias — as ‘base’, como acima referi.

Uma crónica é algo diferente. Totalmente diferente. Foge a muitas regras, nasce conforme vontade de quem a escreve e contém tudo sem conter da mesma forma que pode não conter nada. Nem sempre me vêm palavras. Por vezes, mesmo com tempo, não me saem as que quero. Da mesma forma, penso em letras a juntar-se em momentos pouco ou nada oportunos. Felizmente, escrever enquanto assisto a um qualquer encontro que envolva uma bola amarela revelou-se um acto fácil de executar. O mais agradável (e eficaz, diria) de todos no que a isto diz respeito.

Este texto, por exemplo, comecei-o pouco depois de Kanepi derrotar Stosur na segunda maior batalha a que assisti em courts exteriores na edição deste ano do US Open; já Serena e Venus Williams lutavam para igualar uma igualmente interessante contenda com Timea Babos e Kristina Mladenovic. Não sei o que me inspirou, o que me fez começar; por vezes é assim.

Talvez tenha sido o público presente no tão entusiasmante Grandstand. É, foi isso. Procurei cadeiras vazias mas não as vi, procurei espectadores que por sua vez olhavam em busca de um lugar vago. Esses são visíveis mesmo através do Eurosport Player. Lá estão eles, de pé. Com estas duas, entenda-se, ‘Rena & Ve’, qualquer um vai a pares. É inegável. Tão certo quanto estarem a ler-me neste momento. E é isto que de mais bonito tem o ténis: a magia de, por um ou outro factor, juntar os mais improváveis espectadores a que encontro seja. De um duelo entre júniores ao rubro num c0urt exterior a um par entre atletas da casa passando, claro está, por outras batalhas magníficas nos courts pequenos.

Como não adorar o ténis?

Nota: falei-vos do Grandstand, mas a fotografia que aqui anexo corresponde a um encontro disputado no Artur Ashe Stadium.

PS: Esta é uma das razões pelas quais o artigo relativo aos primeiros encontros masculinos do dia de hoje não será publicado. Como disse, hoje apeteceu-me ser diferente. Escrever diferente.

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