Duvidas. Pessoalmente, estou cheio de dúvidas. De um lado o tão recente mediatismo aliado à pouca experiência tão bem compensada pela ambição e conjunto de armas eficazes, do outro o saber vencer apoiado pela potência. Eugenie Bouchard e Petra Kvitova enfrentam-se este sábado na decisão do torneio que todas querem vencer: Wimbledon.
Por vezes não há nada melhor do que uma pequena viagem ao passado para se perceber o quê, quem e em que circunstâncias está em jogo e é por esse caminho que decido levar os leitores. No verão de 2011, Petra Kvitova estreava-se na lista de vencedoras de torneios do Grand Slam. Era um ano louco no circuito feminino e a checa aproveitava para brilhar com o seu potente serviço e os audíveis e tão característicos ‘POJD’.
Um ano depois – um ano depois, leia-se – Eugenie Bouchard também vence em Wimbledon. Mas a prova de júniores. E hoje, duas épocas depois e naquela que é apenas a sua sexta participação em quadros principais de torneios Major (nas duas últimas, alcançou as meias-finais), estreia-se em decisões do mais elevado nível no circuito profissional.
Ao longo dos últimos anos, meses, semanas, dias, as duas jogadoras atravessaram percursos bastante distintos: a checa sobreviveu na sua própria sombra, tendo alguns momentos altos que nunca, em tempo algum, a haviam voltado a colocar na posição alcançada em 2011; já a canadiana, evoluiu de forma supersónica do circuito junior para o profissional, conquistou corações e tornou-se na nova coqueluche do ténis mundial. Mas não é preciso abordar o lado comercial para falar desta final – aí, e apesar de bem mais nova e inexperiente, seria Bouchard a vencedora sem grandes dificuldades
Apesar de toda a fase menos positiva que atravessou, Petra Kvitova está, indiscutivelmente, de volta ao seu melhor. O seu nome não era de longe um dos que me passava na cabeça na antevisão do torneio, apesar de já contar com uma vitória em Wimbledon, mas provou não ser mulher de um único triunfo ao derrotar Venus Williams num dos melhores encontros de todo o torneio, na terceira ronda. Apoiada no seu potente serviço e pancadas compridas de fundo do court, a checa tem a seu favor o facto de saber o que é necessário para vencer uma prova desta categoria. A pressão, fruto da final que disputou há três anos, será, também, diferente da sentida pela canadiana.
Quanto a Bouchard, vive a melhor época da sua ainda muito curta carreira: para além do primeiro título conquistado, apresenta-se como a mais regular de todas as jogadoras nos torneios do Grand Slam e somou vitórias de qualidade frente a duas top10 nas últimas rondas: primeiro Angelique Kerber (que havia deixado Maria Sharapova para trás) e depois Simona Halep, número 3 mundial e vice-campeã de Roland Garros. Apesar de esta ser a sua primeira final,
De um lado a potência e a experiência, do outro a confiança aliada à sua maior arma, a consistência (não só técnica mas emocional). Numa final 100% inesperada, que é também a primeira da história entre duas jogadoras nascidas na época de 90, quem levará a melhor? Caso se apresente tão sólida quanto frente a Maria Sharapova [VÍDEO] na decisão de 2011, Petra Kvitova poderá perfeitamente aumentar o seu palmarés. No entanto, ao mínimo deslize a canadiana estará atenta para tentar surpreender.