Entrevista a Borna Coric

Uma semana depois de se dar por terminada a 25ª edição do Portugal Open, na qual tivemos uma vez mais a oportunidade de marcar presença na sala de imprensa e realizar alguns quizzers com os melhores tenistas do mundo [disponíveis aqui], regressamos às tradicionais entrevistas com uma ‘conversa’ com uma das maiores esperanças da actualidade.
Borna Coric, de apenas dezassete anos e top250 mundial, é o mais recente entrevistado pelo Ténis Portugal e, na conversa com a nossa equipa, revelou-nos os seus principais objectivos para os próximos meses e mostrou-se confiante no seu ténis e margem de progressão. Em suma, e apesar da tenra idade, o tenista croata revela-se já bem ciente do que é necessário para singrar no ténis profissional. A não perder!
ENTREVISTA
  • Ténis Portugal: O último torneio júnior que realizaste foi o US Open em 2013, onde te sagraste campeão. Mesmo no torneio júnior, é realmente uma sensação diferente conquistar um torneio do Grand Slam?
Borna Coric: A sensação foi ótima. Senti-me bem durante toda a semana e sabia que podia atingir um grande resultado. Era também um desejo meu vencer um Grand Slam junior, portanto foi óptimo consegui-lo no meu último torneio no escalão dado que decidi que este ano não vou jogar mais eventos juniores.
  • Ténis Portugal: No Australian Open 2014, Thanasi Kokkinakis recebeu um wildcard da organização e chegou mesmo à segunda ronda do torneio, tendo a oportunidade de defrontar Rafael Nadal no Court Central. Precisamente no US Open 2013 tinhas derrotado Kokkinakis na final. Ficaste com a sensação que poderias ser tu a estar a disputar o Australian Open e a ser destaque nos media?
Borna Coric: Penso que é compreensível que o Thanasi Kokkinakis tenha recebido um wildcard porque ele é um tenista australiano e, para além disso, um dos melhores juniores do mundo.
  • Ténis Portugal: Ainda em idade júnior, decidiste deixar o circuito sub-18 para apostar na transição para o circuito profissional. Muitos jogadores afirmam que a principal dificuldade no circuito profissional é saber lidar com a derrota em rondas iniciais dos torneios, depois de muitas conquistas nas camadas jovens. Também sentiste isso?
Borna Coric: Sim, decidi que não vou jogar mais torneios juniores. É verdade que não é fácil lidar com derrotas em rondas precoces dos torneios, mas penso que com os meus resultados consegui provar que consigo ultrapassá-las bem.
  • Ténis Portugal: Treinaste no final de 2013 com Rafael Nadal em Maiorca. O espanhol é conhecido pela sua dedicação e pelo seu trabalho, mas é muito pouco reconhecido como pessoa fora do court. Mudaste a tua opinião sobre o número um mundial?
Borna Coric: Passei sete dias fantásticos com o Rafael Nadal, foram muito importantes para ajudar a melhorar o meu ténis e para me ajudar a compreender o conceito de profissionalismo e de treino como os melhores do mundo os experienciam. Acho que essa foi a lição mais importante que aprendi, e por isso estarei para sempre grato ao Rafael.
  • Ténis Portugal: Já conquistaste 5 torneios Future e tens uma regularidade impressionante no circuito ITF. Da geração de 1996 és o jogador com melhor ranking, o único no top-300 ATP. Sentes pressão para conseguires dar grandes passos e tornares-te num dos melhores jogadores do mundo?
Borna Coric: O facto de ter ganho cinco torneios Future não coloca qualquer pressão em mim. Na verdade, ajuda-me a continuar a trabalhar porque faz-me compreender que posso jogar um óptimo ténis. Espero estar brevemente no top200 mundial.
  • Ténis Portugal: Em pouco tempo como profissional, já conquistaste Futures em piso rápido e também em terra batida. Assumes-te como um jogador capaz de jogar bem em todos os pisos ou preferes jogar em piso rápido?
Borna Coric: Piso rápido é definitivamente a minha superfície preferida mas penso que tenho vindo a melhorar o meu ténis em terra batida e espero poder jogar tão bem nestes courts quando em piso rápido.
  • Ténis Portugal: No teu ponto de vista, qual é o teu ponto forte dentro do Court e que mais procuras utilizar durante os pontos? E, pelo contrário, qual é a pancada que tu sentes que precisas mais de trabalhar?
Borna Coric: Do meu ponto de vista, o meu ponto mais forte é o facto de ser um grande lutador, entender o jogo muito bem e saber lutar por um ponto. As pancadas que preciso de trabalhar mais são a minha direita e os meus volleys.
  • Ténis Portugal: Já jogaste dois quadros principais de torneios ATP e, nas duas ocasiões, conseguiste vencer um set e ficar muito perto da vitória. Achas que já estás preparado para começar a fazer parte do circuito ATP?
Borna Coric: Sim, foram duas grandes e importantes experiências para mim, pois em ambos os momentos estive perto [da vitória] mas falhei pela falta de experiência [que os outros jogadores, por outro lado, têm]. Penso ainda que estou pronto para fazer parte do circuito ATP.
  • Ténis Portugal: Terminaste o ano de 2013 como nº 367 ATP e neste momento já estás integrado no lote dos 300 melhores do mundo. Qual ou quais o(s) teu(s) objetivo(s) para este ano?
Borna Coric: O último ano foi muito bom para mim, surpreendi-me um pouco. O meu objectivo para este ano é alcançar o top200, que penso ser bastante realista pois neste momento estou dentro do top250.
  • Ténis Portugal: Certamente um dos grandes objetivos da tua carreira é atingir o top-100 mundial. Tens alguma meta para atingir essa marca ou ainda achas que estás bastante distante desse lote?
Borna Coric: Sem dúvida que não é fácil entrar no top100 mundial, e sim, é um dos meus objectivos, mas penso que não estou assim tão longe de o atingir, porque já demonstrei que consigo lutar com jogadores de primeira classe.
  • Ténis Portugal: Recentemente conseguiste a melhor vitória da tua carreira. Pela Taça Davis e a jogar fora de casa, bateste Jerzy Janowicz, número 21 ATP, em 5 set’s. Quais foram os sentimentos no final do encontro depois de uma vitória tão importante para ti e para o teu país?
Borna Coric: Foi uma vitória excelente e muito importante, que me encorajou a mim e ao meu jogo. Os sentimentos são inexplicáveis porque eu não joguei apenas para mim, mas também para o meu país, o que torna a vitória ainda mais especial.
  • Ténis Portugal: Marin Cilic é o número um croata há bastante tempo e tiveste oportunidade de conviver com ele na Taça Davis. Olhas para Cilic como um ídolo e uma referência de como deves seguir na tua carreira?
Borna Coric: O Marin [Cilic] é um grande jogador e o tempo que eu passo com ele é muito importante e positivo para mim porque ele é um dos melhores jogadores do mundo, mas não tenho nenhum ídolo e não quero tornar-me em ninguém – quero ser o Borna Coric.
  • Ténis Portugal: Para terminar, até agora nunca jogaste nenhum torneio Future/Profissional em Portugal, mas já tiveste oportunidade de defrontar alguns jovens portugueses enquanto júnior. O que é que conheces do ténis português? Já visitaste o nosso país?

Borna Coric: Eu estive em Portugal uma vez para jogar um torneio de sub14. Gosto de Portugal como país e conheço o Frederico Silva, que na minha opinião é um grande jogador e tem um futuro muito risonho pela frente. Espero visitar Portugal brevemente.

  • Ténis Portugal: Para terminar, algumas perguntas e respostas rápidas.
Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?
Vencer um torneio do Grand Slam.
Courts de piso rápido, terra batida ou relva?
Piso rápido.
Vencer a Taça Davis ou conquistar uma Medalha Olímpica?
Medalha Olímpica.
Cidade favorita?
Zagreb.
Torneio do Grand Slam favorito?
Wimbledon
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