João Sousa, o histórico guerreiro

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.
Para 2014, quer mais: “Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor.” E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.
Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página mais dourada da história do ténis português.
Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer – naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.

 

Receção em Portugal e importância para o ténis português
Depois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.
Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: “Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz.”
Mediatismo e novas portas ‘abertas’
Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.
Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.
Um lugar ao pé dos mais fortes?
Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).
Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?
O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: “Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente.”
Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa. Enquanto não pode ver o português de novo em acção, aproveite para ler ou reler a entrevista que o próprio deu ao Ténis Portugal a meio da época.
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