Café da manhã: O último suspiro de Wozniacki, o travão imposto à NextGen e o atrevimento de Gauff

Mais uma madrugada recheada de ténis, mais uma madrugada recheada de acontecimentos dignos de um dos primeiros dias de um torneio do Grand Slam. Possíveis últimos encontros transformaram-se em notáveis vitórias, houve mais “vítimas” entre alguns dos jogadores mais promissores e também quem fizesse o contrário para demonstrar que é realmente… Especial.

“Café da manhã” é o nosso resumo de tudo o que acontece durante a madrugada em Melbourne Park. Para os que se esqueceram de tomar café, para os que o beberam mas não ficaram noite dentro e até para quem viu tudo:

Um dos focos da terceira jornada recaía sobre o entusiasmante duelo entre Caroline Wozniacki e Dayana Yastremska. De um lado, a dinamarquesa de 29 anos disputava aquele que muito prossivelmente seria o último encontro da carreira; do outro, a ucraniana de 19 tinha na raquete mais uma grande oportunidade de mostrar ao mundo o seu valor e somar mais um grande resultado.

E viu-se um pouco de tudo: porque quer num set (começou por liderar por 5-1) quer no outro (teve uma vantage de 4-2) a mais nova das duas jogadoras — que agora é treinada pelo famoso Sascha Bajin — esteve no comando e bem encaminhada e quer num, quer noutro set Caroline Wozniacki deu quem sabe a última amostra do ténis que fez dela número 1 mundial durante 71 semanas e, depois de muito tentar, campeã de um torneio do Grand Slam (neste mesmo Australian Open, há dois anos).

A realizar o último torneio da carreira, a popular dinamarquesa agarrou-se com unhas e dentes ao encontro mesmo quando já parecia perdido — a entrada de Yastremska foi de tal forma dominante que ao 5-1 fazia antever um desfecho demasiado rápido para a ocasião — e não descansou enquanto não o venceu. Bem à sua imagem, só fez 15 winners comparados com os 36 da adversária mas voltou a ser extremamente assertiva: em 2h02 de encontro cometeu apenas 15 erros não forçados, enquanto a 23.ª cabeça de série — e recém finalista do novo torneio de Adelaide — não conseguiu evitar… 47 (equivalente a mais de metade dos pontos ganhos que perdeu).

No final, a ex-número 1 do mundo não se conteve e deixou críticas à assistência médica que a adversária pediu (um “truque” pelo qual já é conhecida…) quando ficou a perder por 7-5 e 5-4. “Já sabia que ela ia pedir aquele medical time out. É um turque que utiliza muito. Ao 5-4 não havia problema nenhum, ela estava a correr bem e foi só para me tentar quebrar o ritmo, mas já sou muito experiente…”

É o último suspiro de Caroline Wozniacki, que dois anos depois de alcançar a glória máxima — que tanto a massacrou — surge sem qualquer pressão no torneio e vai ter mais uma oportunidade de ir a jogo quando defrontar a tunisina Ons Jabeur (78.ª), que surpreendeu Caroline Garcia por 1-6, 6-2 e 6-3.

Mas a ex-número 1 do mundo não foi a única a superar um obstáculo muito complicado para manter viva a última campanha na Austrália: também Carla Suárez Navarro encantou (mas num duelo ainda da primeira ronda) — e de que maneira.

No quadro masculino, o primeiro dia da segunda ronda aumentou a debandada de estrelas da nova geração. Depois de Denis Shapovalov, Félix Auger-Aliassime Casper Ruud terem deixado o torneio na eliminatória inaugural, esta quarta-feira foi a vez dos talentosos Jannik Sinner e Alejandro Davidovich Fokina deixarem o torneio de forma bem clara.

Protagonista de um 2019 de loucos que o viu começar a época a 553.º e chegar ao 78.º posto já depois de vencer o NextGen ATP Finals, o italiano de apenas 18 anos não conseguiu ter argumentos para Marton Fucsovics (67.º), que venceu por 6-4, 6-4 e 6-3 em apenas 2h17 para chegar pela segunda vez à terceira ronda de um Grand Slam.

O jovem espanhol também não viveu um dia nada fácil: consentiu os parciais de 6-1, 6-4 e 6-2 ao bem mais experiente Diego Schwartzman, em grande parte devido aos 53 erros não forçados que apontou e que se traduzem em mais de metade dos pontos ganhos pelo argentino. Assim tudo fica mais difícil.

Ora se no quadro masculino as futuras estrelas continuam a cair (já só há dois jogadores com 21 ou menos anos no quadro, ambos com a segunda ronda ainda por disputar), no feminino o cenário é bem diferente e a madrugada desta quarta-feira serviu de palco a mais uma vitória de… Coco Gauff.

A norte-americana de 15 anos já tinha brilhado em Wimbledon (onde se apresentou ao mundo) e no US Open (onde soube lidar bem com a pressão) e até fechou o ano a conquistar o primeiro título da carreira em singulares e também está determinada em brilhar do outro lado do planeta.

Depois de derrotar (outra vez) Venus Williams na primeira ronda, a nova sensação do circuito superou uma autêntica batalha frente a Sorana Cirstea: 4-6, 6-3 e 7-5 foram os parciais de um triunfo muito suado depois de ter estado a perder por 0-3 [0-30] e a dois pontos da derrota (no 15-30 do 4-5) num duelo eletrizante em que demonstrou todo o seu atrevimento frente a jogadoras mais experientes e não teve medo de “fazer frente” à romena nos momentos de maior aperto.

Tal como no US Open, segue-se a campeã em título Naomi Osaka, que venceu tranquilamente — assim como Novak Djokovic horas depois.

Quem nem teve de entrar em ação foi Stefanos Tsitsipas. O grego, campeão do ATP Finals e semifinalista deste mesmo Australian Open há um ano, beneficiou da desistência de Philipp Kohlschreiber antes do início do encontro devido a problemas musculares.

Ah, e Ashleigh Barty voltou a vencer (6-1 e 6-4 contra Polona Hercog) para alimentar o sonho do público, que anseia por uma vitória “da casa” desde que Christine O’Neil venceu a edição de 1978.

Total
0
Shares
Total
0
Share