Café da manhã: da fúria de Shapovalov ao brilhantismo de Gauff não esquecendo os “velhinhos” vencedores

Houve drama. Houve emoção. Houve chuva e até moda. Pouco ou nada faltou à primeira madrugada de ténis do Australian Open, que arrancou esta segunda-feira com menos de metade das estrelas em ação e muito deixou para uma segunda jornada que promete ser bem carregada.

“Café da manhã” é o nosso resumo de tudo o que acontece durante a madrugada em Melbourne Park. Para os que se esqueceram de tomar café, para os que o beberam mas não ficaram noite dentro e até para quem viu tudo:

O dia começou com uma “corrida” entre Paula Badosa e Julia Goerges e depressa deu a entender que vários dos favoritos estariam em apuros: Daniel Evans ainda escapou (com muito trabalho) à derrota, ao derrotar Mackenzie McDonald por 3-6, 4-6, 6-1, 6-2 e 6-3 em 3h21, mas Borna Coric e Denis Shapovalov não tiveram a mesma sorte.

O croata (25.º cabeça de série) até tinha começado a época a derrotar Dominic Thiem em plena ATP Cup, mas perdeu toda a confiança que podia ter adquirido com esse resultado e depois de cair à primeira e não teve argumentos para Sam Querrey: 6-3, 6-4 e 6-4 foram os parciais favoráveis ao norte-americano.

Mais crítico ainda foi o encontro de Denis Shapovalov, que não só não conseguiu reunir argumentos para contrariar o húngaro Marton Fucsovics como perdeu por várias vezes o temperamento em campo. Apontando como uma das maiores estrelas da nova geração, o canadiano apresentou tudo menos atitude de quem quer e pode chegar ao topo e envolveu-se em discussões com o árbitro, deixou-se afetar por um aviso de abuso de raquete alegando que não a partiu (quando a regra deixa bem claro que não é preciso o “instrumento” ficar partido para se ser advertido) e cavou o seu próprio buraco.

Se no segundo set ainda conseguiu dar réplica e ganhar folgo, nos seguintes voltou a perder o controlo da situação: 6-3, 6-7(7), 6-1 e 7-6(3).

A jornada prosseguiu com relativa tranquilidade nos courts principais, porque entretanto chegou a chuva para estragar os planos àqueles que jogavam “lá fora”, e entre o regresso seguro e convincente da campeã em título Naomi Osaka, a entrada com tudo de Caroline Wozniacki no último torneio da carreira e a estreia categórica de Roger Federer também Serena Williams brilhou.

Vinda do título em Auckland, a norte-americana não poderia ter começado o torneio de forma mais autoritária: precisou de pouco mais de 15 minutos para vencer o primeiro parcial e ainda o relógio não apontava uma hora de jogo quando eliminou Anastasia Potapova (por 6-0 e 6-3) para deixar bem evidente que está pronta para deixar para trás as quatro finais do Grand Slam que perdeu desde que voltou como “mamã” ao circuito e atacar finalmente o recorde de títulos de Margaret Court — a heroína do ténis australiano que nos últimos anos tem ganho mediatismo pelas tristes declarações e ideias que tem em relação à comunidade LGBT, atitudes que mereceram uma resposta rápida da Tennis Australia: os responsáveis pelo ténis no país repudiam a ideologia de Court, mas continuam a reconhecer-lhe todo o valor e importância enquanto jogadora (e por isso, apesar dos muitos protestos, mantêm o seu nome na segunda maior arena de Melbourne Park).

Mas se houve alguém a quem a primeira madrugada pertenceu esse alguém foi CoCo Gauff. Nem seis meses depois de se ter dado a conhecer ao mundo com uma campanha brilhante em Wimbledon, a jovem norte-americana de apenas 15 anos — isso mesmo — voltou a fazer das suas. E novamente contra Venus Williams, que já tinha defrontado na primeira ronda no All England Club.

Em Melbourne, tal como em Londres, a mais nova das duas norte-americanas (que cada vez mais deixa antever que no futuro poderá aproximar-se do estatuto que a mais velha conseguiu construir…) só precisou de duas partidas. Mais ágil, mais reativa e sobretudo mais eficaz, Gauff “só” disparou 17 winners (contra os 25 de Venus) mas cometeu menos erros não forçados (30-41) e voltou a mostrar que já está noutro patamar até vencer por 7-6(5) e 6-3 para marcar encontro com Sorana Cirstea.

Entretanto já se sabe quando e onde é que João Sousa vai a jogo: o melhor tenista português de todos os tempos defronta Federico Delbonis no quinto encontro do Court 12, duelo esse que não terá início antes das 16 horas locais (5h em Portugal Continental).

Total
0
Shares
Total
0
Share