Nick Kyrgios faz de Washington o segundo ato de brilhantismo da temporada

Cinco meses depois de uma das melhores campanhas da carreira, e numa semana que voltou a ter de tudo um pouco, Nick Kyrgios tem novamente razões para sorrir: o australiano tornou-se rei e senhor de Washington, D.C. ao somar a quinta vitória em seis encontros contra jogadores do top 10 na presente temporada.

Com ele, já se sabe, tudo é imprevisível: se não lhe apetecer, é capaz do pior em poucos segundos — como se viu por exemplo em Roma, onde atirou uma cadeira para dentro do court e não só acabou desqualificado como multado em vários milhares de euros.

Mas quando os astros se alinham Nick Kyrgios também é capaz do melhor. Já o tinha feito em fevereiro, no torneio de Acapulco, ao derrotar Andreas Seppi (então 49.º), Rafael Nadal (2.º), Stan Wawrinka (42.º), John Isner (9.º) e Alexander Zverev (3.º) para conquistar o título, e foi isso que se voltou a ver esta semana, no ATP 500 da capital norte-americana (um dos primeiros eventos da prestigiada US Open Series).

Depois de quatro rondas em que fez do espetáculo a palavra chave para o sucesso (para o bem e para o mal, porque mesmo entre vitórias encontrou tempo para, por exemplo, atirar uma garrafa de água contra a cadeira do árbitro de cadeira), o número 52 do mundo derrotou o primeiro cabeça de série e grande favorito Stefanos Tsitsipas numa meia-final que levou alguns espetadores a dispensarem centenas de euros no mercado negro para assistirem ao encontro — é o já chamado Nick Kyrgios effect

O percurso, mas sobretudo a alegria que apresentou ao longo da semana, tornaram ligeiramente expectável uma vitória na final, mesmo se do outro lado estava um jogador mais cotado, mais regular e com armas mais do que suficientes para lhe fazer frente — ou não tivesse Daniil Medvedev, número 10 do mundo, deixado pelo caminho Marin Cilic, um ex-campeão do US Open.

Mas esta estava mesmo destinada a ser a semana de Nick Kyrgios. E nem os problemas nas costas que o perturbaram sobretudo durante o primeiro parcial (por várias vezes foi captado pelas câmaras a tocar a zona das costas, tendo inclusive tentado vários exercícios de alongamentos em várias trocas de lado) o travaram: depois de 12 jogos mornos, em que os servidores comandaram de forma verdadeiramente autoritária (não houve, aliás, um único break point em todo o encontro), o ex-finalista do Millennium Estoril Open virou um tie-break que parecia perdido devido às suas dificuldades de locomoção.

E a viragem de marcador significou, também, uma mudança no desenrolar do encontro. O Nick Kyrgios espetacular das rondas anteriores começou, a espaços, a surgir, os tweeners a aparecer e o público a entusiasmar-se. Daniil Medvedev não jogou nada mal — muito pelo contrário —, mas o encontro parecia destinado. E assim, ao cabo de 1h37 e pela terceira vez consecutiva ao seguir o conselho de um fã aleatório sobre a forma como deveria servir para converter o match point, o australiano venceu mesmo, por 7-6(6) e 7-6(4), para conquistar o sexto título da carreira e o terceiro em torneios ATP 500 (antes de Acapulco, em fevereiro, já tinha vencido Tóquio, na reta final da temporada de 2016).

O que acontecerá graças a esta campanha ninguém sabe — afinal, é de Nick Kyrgios que se trata — mas o certo é que na atualização do ranking desta segunda-feira surgirá na 27.ª posição, uma subida de nada mais, nada menos do que 25 lugares. E com dois ATP Masters 1000 aí à porta (esta segunda já se joga em Montreal, no Canadá, e dentro de oito dias a ação será desenrolada em Cincinnati, nos EUA) tem de ser considerado uma grande ameaça — sobretudo se assim se quiser ver.

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