Não, não é um sonho: Bianca Andreescu é a campeã em Indian Wells

Há uma nova estrela na constelação canadiana: depois de Milos Raonic se ter afirmado no circuito masculino e de Eugenie Bouchard ter assinado uma caminhada inesquecível no feminino, a ainda praticamente desconhecida do grande público Bianca Andreescu já está a levar o país a um outro nível.

A missão não é fácil, mas parece: aos 18 anos, e apenas dois meses após ter dado início à temporada como número 107 do mundo, Bianca Andreescu somou este domingo a 28.ª vitória do ano para se sagrar campeã do super prestigiado torneio de Indian Wells — apelidado de quinto Grand Slam — e garantir a ascensão ao 24.º lugar do ranking.

Convidada pela organização do BNP Paribas Open para disputar o quadro principal de um dos maiores torneios do mundo, a jovem canadiana respondeu da melhor forma à oportunidade que lhe foi dada: derrotou Irina-Camelia Begu (6-7[3], 6-3 e 6-3), Dominika Cibulkova (6-2 e 6-1), Stefanie Voegele (6-1 e 6-2), Qiang Wang (7-5 e 6-2), Garbiñe Muguruza (6-0 e 6-1), Elina Svitolina (6-3, 2-6 e 6-4) e, na grande final deste domingo, Angelique Kerber (6-4, 3-6 e 6-4). É a primeira wild card da história a vencer em Indian Wells e também a autora do maior título da história do ténis canadiano.

Um percurso que fala por si e que estende um arranque de época até aqui já impressionante, que viu a canadiana de apenas 18 anos chegar à final de Auckland e à segunda ronda do Australian Open na condição de qualifier, vencer o WTA 125 de Newport, ganhar dois encontros na Fed Cup e chegar às meias-finais em Acapulco antes de aterrar na Califórnia.

A coroação, essa, deu-se ao cabo de 2h19 e após um encontro impróprio para cardíacos em que aconteceu de tudo um pouco: Andreescu entrou a ganhar, Kerber (que é uma das maiores especialistas do circuito em terceiras partidas) igualou a contenda e adiantou-se por um break no derradeiro set, mas até ao lavar dos cestos é vindima e mesmo com o desgaste acumulado e após uma intervenção da fisioterapeuta do torneio ao braço dominante a nova sensação do ténis canadiano conseguiu dar a volta à situação. Até que chegou a hora de se deixar cair no court, levar as mãos à cara e absorver múltiplas emoções.

Real Deal ainda na adolescência

Bianca Andreescu ainda só tem 18 anos (celebrou a maioridade no mês de junho) mas já apresenta um leque completo: é forte no fundo do campo, dentro das linhas e enquanto avança; tem um jogo de pés extremamente promissor e uma força de vontade que lhe permite fazer frente às melhores jogadoras do planeta em qualquer circunstância e que já deixaram impressionadas figuras como Martina Navratilova (uma das maiores campeãs da história do circuito feminino), Patrick Mouratoglou (treinador de Serena Williams) ou Sven Groeneveld (o treinador de Maria Sharapova).

Foram essas armas que a fizeram progredir no deserto canadiano, que se tornou num paraíso também para a sua carteira: até aqui com 350.909 dólares ganhos em prémios monetários, Bianca Andreescu adicionou mais 1.354.010 dólares à conta bancária com uma quinzena de ouro — isso mesmo: um milhão, trezentos e cinquenta e quatro mil e dez dólares, ou não estivéssemos a falar de um dos torneios mais importantes do calendário tenístico.

E agora? Agora está na hora de definir novos objetivos. É que três meses depois de ter dito adeus a 2018 como a 178.ª classificada da tabela já mais do que garantiu o seu grande objetivo, a entrada direta no quadro principal do segundo torneio do Grand Slam.

Um futuro cada vez mais dourado

Há pouco mais de meia dezena de anos tudo indicava que Milos Raonic e Eugenie Bouchard seriam os grandes obreiros do capítulo mais dourado do ténis canadiano, mas há outro cenário ainda mais promissor a nascer. É que a Bianca Andreescu juntam-se ainda Denis Shapovalov e Félix-Auger Aliassime, eles já bem mais rotinados (e observados) no circuito mas que de repente se viram ultrapassados em êxito pela compatriota, ainda que pelo que lhes compete estejam também a dar que falar — Shapovalov “explodiu” para o mundo do ténis com uma campanha inesquecível rumo às meias-finais do Masters do Canadá, em 2017, e já é o número 25 do mundo, enquanto Auger-Aliassime jogou há poucas semanas a primeira final no circuito ATP (foi vice-campeão do ATP 500 do Rio de Janeiro).

Uma geração que promete.

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