Superou lesões, cãibras, uma intoxicação alimentar, um quadro de luxo e um ambiente de cortar à faca. Bem ao seu estilo, Nick Kyrgios completou este domingo a semana perfeita em Acapulco com uma terceira vitória contra um jogador do top 10 mundial para conquistar o quinto título da carreira e, senão o mais importante, pelo menos o mais impressionante.
Depois de um arranque de temporada negro em que só somou duas vitórias em cinco encontros e desceu ao pior ranking dos últimos anos (72.º), o tenista australiano bateu no fundo, “mesmo no fundo”, e ficou “sem saber o que fazer” até que começou a brilhar em solo mexicano.
Começou por derrotar Andreas Seppi, depois superou Rafael Nadal num encontro em que a polémica estalou, voltou a impôr-se perante Stan Wawrinka e contra John Isner ganhou pela terceira vez consecutiva uma batalha de três sets. Até que na derradeira madrugada se superou para derrotar o número 3 mundial Alexander Zverev por bem mais tranquilos 6-3 e 6-4, num encontro em que o uso do amortie se revelou uma escolha acertada e em que esteve na frente desde o primeiro jogo.
Poucos aplausos, muitos apupos, um ambiente de cortar à faca. Tal como em todos os encontros que disputou ao longo da semana, Nick Kyrgios foi vaiado pela maioria dos adeptos no estádio, mesmo depois de conquistar o título — mas é disso que ele gosta e é isso que lhe dá força, como o próprio afirmou ao longo da semana.
Alexander Zverev não teve dúvidas. “Se ganhas a quatro jogadores como estes num torneio ATP 500, mereces ganhar. Ele é o grande campeão da semana. Todos temos de dar crédito às pessoas que o merecem e esta semana o Nick provou que era o melhor jogador.”
Já de sombrero posto e entre muitos sorrisos, Nick Kyrgios confessou que esta semana pode “servir de exemplo para qualquer pessoa que esteja a enfrentar dificuldades e numa situação de que pense não conseguir sair. Se eu o consegui fazer talvez vocês também o consigam. Estava em baixo e desligado, mesmo muito em baixo, sem saber o que fazer, e uma semana como esta pode mudar tudo. Se eu o consegui fazer vocês [que me estão a ouvir] também conseguem.”
E não podia estar mais certo: com a semana perfeita em Acapulco, Nick Kyrgios subiu 41 lugares para se posicionar na 31.ª posição do ranking ATP, uma ascensão que em conjunto com a de Wawrinka (de 42.º para 39.º) “empurrou” João Sousa para o limite do top 40.
