O Stade Pierre-Mauroy, em Lille, só recebe a final da Taça Davis a partir de sexta-feira, dia 23 de novembro, mas já está a dar muito que falar. Promessas falhadas, atrasos e imperfeições na terra batida do palco que detém o recorde de maior assistência num encontro de ténis não agradam à equipa da Croácia, que desafia a campeã em título França na última final da competição como a conhecemos.
17 de novembro, a França defronta a Argentina num jogo teste de râguebi.
23 de novembro, a França defronta a Croácia na final da Taça Davis.
Num outro período ou local da história, os dois eventos pouca ou nenhuma relação teriam entre si. Mas a final da maior competição anual por equipas vai ser disputada no Stade Pierre-Mauroy, casa habitual da equipa de futebol do Lille (onde já jogou o português Éder) e que no último fim de semana recebeu um jogo de râguebi.
Foi, por isso, necessário colocar mais de 400 mãos à obra numa corrida contra o tempo. Nada a que os profissionais daquele recinto não estejam habituados, como revela uma rápida passagem pelas redes sociais da infraestrutura: se o futebol é o espetáculo mais frequente, por lá já se disputaram vários jogos de râguebi, basquetebol, voleibol, andebol, corridas de motos, concertos e, claro, ténis. E aqui é isso que nos interessa.
Em 48 horas, a relva do Stade Pierre-Mauroy transformou-se em terra batida. Ou melhor, afastou-se para que a superfície escolhida pelos gauleses pudesse ser instalada. Dividido ao meio, o relvado do estádio está assente numa enorme plataforma que tanto desce como sobe e desliza para dar lugar às montagens dos mais variados palcos e eventos.
A metamorfose não é uma novidade — o estádio já acolheu algumas eliminatórias da Taça Davis, incluindo as finais de 2014 (ganha pela Suíça de Roger Federer e Stan Wawrinka e na qual se estabeleceu o recorde de espetadores num encontro oficial de ténis: 27.448 pessoas estiveram presentes no dia de todas as decisões) e 2017 — mas é sempre impressionante, sobretudo tendo em conta que em casos como o desta semana muitos profissionais começaram a trabalhar a terra ainda por baixo da superfície que apoia o relvado.
O vídeo apresentado regista a transformação do estádio de futebol para o ambiente e características de um concerto, mas as dimensões e estrutura utilizadas são muito semelhantes àquelas que se voltam a ver ao longo desta semana (inclusive a grande cortina preta).
Mas o processo de transformação depressa começou a dar que falar. Ao contrário do que aconteceu nas ocasiões anteriores, em 2018 as seleções contam com apenas dois dias de treino no Stade Pierre-Mauroy.
A instalação do court de terra batida só ficou finalizada esta quarta-feira e os protagonistas croatas não gostaram. “É uma pena que não tenham conseguido preparar o court com mais tempo porque as condições que tivemos nos courts de treino não têm nada a ver”, desabafou o capitão Zeliko Krajan na conferência de imprensa de antevisão que aconteceu na segunda-feira.
Marin Cilic, a principal estrela da equipa visitante (que em 2014 conquistou o US Open e entretanto já disputou mais duas finais do Grand Slam, em Wimbledon 2017 e no Australian Open deste ano), também não gostou. “Não é a melhor situação para estarmos a atravessar porque com apenas dois dias não vai ser fácil adaptarmo-nos. As regras deviam ser sempre iguais.”
Um defeito de construção que já está a dar (muito) que falar
As “portas” do gigantesco court de terra batida abriram esta quarta-feira, às 8h, e não demorou até que fosse encontrado um defeito na superfície.
Foi quando os recém-consagrados vice-campeões do Nitto ATP Finals, Pierre Hugues-Herbert e Nicolas Mahut, pisaram a terra batida pela primeira vez que a equipa francesa reparou numa pequena elevação numa das linhas de serviço, visível através das imagens já captadas pelo RMC Sport.
