Julien Benneteau acusa Grand Slams e ATP de privilegiarem Roger Federer

É o assunto mais recente do circuito masculino: numa entrevista ao programa de rádio francês Grandes Gueules du Sport, o recém-retirado Julien Benneteau acusou os torneios do Grand Slam e a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) de privilegiarem Roger Federer.

Laver Cup, competição organizada pelo tenista suíço em conjunto com a sua equipa e um enorme leque de patrocinadores, foi um dos tópicos abordados pelo ex-tenista francês — escolhido para capitão da equipa gaulesa na Fed Cup a partir de 2019. “Há uma série de conflitos de interesses que são inquietantes. Ele respeitou a nova Taça Davis e não disse nada até que se falou de que podia passar de novembro a setembro [o mês em que a Laver Cup acontece]. Aí despertou e opôs-se a Gerard Piqué.”

“Tem todo o direito de organizar um evento, mas fazê-lo a meio da temporada pode prejudicar alguns torneios ATP, retirando-lhes jogadores”, completou o francês. “Do ponto de vista desportivo não tem legitimidade nenhuma, que não tem critérios para a seleção de jogadores e não dá pontos ATP, só dinheiro. Mas como é o Federer ninguém diz nada.”

Mas as críticas de Julien Benneteau não se ficam por aqui. O francês de 36 anos apontou ainda que “Craig Tiley, o diretor do Australian Open, faz parte da organização deste evento. Ele ocupa-se do marketing e dos direitos desportivos e é pago pelo Tony Godsick, o agente do Roger. Que coincidência que na Austrália o Federer tenha jogado 12 ou 13 dos seus últimos 14 encontros em sessão noturna… Qualquer diretor colocaria o encontro entre Djokovic e Monfils em sessão noturna, não? Mas não, jogaram às duas e meia da tarde com 42 graus e o Federer defrontou o Struff à noite.”

E não só de críticas à Laver Cup e ao Australian Open se fizeram os comentários de Benneteau. “Em Wimbledon, depois do Djokovic se queixar que jogava sempre nos courts secundários a organização sentiu-se quase obrigada a colocar o Federer no Court 1 e ele acabou por perder. No US Open, ouvi dizer que o agente pediu aos supervisores para não o colocarem no novo court Louis Armstrong, por causa do que tinha acontecido em Wimbledon.”

No entanto, Julien Benneteau reconheceu que “Roger Federer é o único que pode atrair 15.000 pessoas a Paris-Bercy e é uma lenda deste desporto, um ícone. E se ele é capaz de gerar tanto dinheiro fora do court é porque faz um trabalho incrível por trás de tudo isso. Em Basileia passa uma hora e meia no court para ganhar um encontro e depois mais duas ou três negociando com empresas e a passar tempo com os fãs e jornalistas.”

Total
0
Shares
Total
0
Share