“Os meus olhos começaram a brilhar, foi um alívio incrível”, desabafa Cação depois de vencer em 4h30

VALE DO LOBO – A “maratona” do ano aconteceu esta quarta-feira no SBA Tennis Open, com Tiago Cação a derrotar Peter Goldsteiner em 4h24 para assegurar um lugar nos quartos de final do Future algarvio. Foi, por isso, sem surpresas que no final do encontro o Raquetc encontrou o português exausto.

Uma exaustão, aliás, só superada pela satisfação de ter conseguido ultrapassar um duro desafio. “Sinto-me sem energia. Parece que me chuparam a energia toda do corpo e que estou noutra realidade”, começou por desabafar o jovem penichense, que aos 20 anos disse ter sido “o primeiro encontro assim tão longo” da sua promissora carreira.

Dizer que o duelo foi longo é pouco — até porque, por comparação, no court do lado completaram-se praticamente três encontros no mesmo período de tempo –, pelo que foi sem surpresas que o número 9 nacional acusou algumas dificuldades físicas na reta final. “Senti o físico já no final do terceiro set. Aí senti que os meus músculos já estavam a começar a tremer, sobretudo nas pernas. Nunca tive uma cãibra na vida mas acho que é por aí que começa, estava a sentir os músculos a tremer e a ficar sem forças.”

E se as 4h24 de encontro tiveram peso nas pernas, mais ainda tiveram na cabeça. “O mais duro foi lidar com tudo a nível mental. Ele é um jogador chato, no sentido em que passa todas as bolas e também as estava a conseguir pôr sempre tensas e com intenção. Eu não estava a conseguir atacar bem, a ser eficiente quando ele o fazia e também não me consegui habituar bem aos courts, por isso foi duro manter-me no encontro e ficar calmo.”

Mas conseguiu.

Primeiro ao salvar sete set points na primeira partida, numa altura em que “obviamente pensei que ia perder o set” mas na qual garante “nunca ter deixado de lutar para ter de ser melhor que eu para ganhar”;

Depois ao sair por cima de um frente a frente que dificilmente lhe sairá da memória. Foi uma maré de emoções e sensações, na sua maioria ainda turvas. “Nem sei o que é que senti quando converti o match point. Senti um ‘ufa’, um ‘finalmente consegui’, porque já tinha tido dois match points. Foi um encontro tão longo que quando ouvi o árbitro a chamar a última bola fora os meus olhos começaram a brilhar. Foi um alívio incrível.”

À grande alegria seguiu-se, no entanto, uma amargura: devido ao cansaço acumulado no encontro, Tiago Cação tomou a decisão de desistir do encontro de pares, que também estava marcado para esta quarta-feira. “Para não arriscar uma lesão, e também porque estou mais focado nos singulares, tomei esta decisão. Não acho correto e nunca o tinha feito, mas esta foi uma situação especial. Não é todos os dias que se joga durante 4h24…”

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