Dani Vallverdu, o treinador que fez crescer Grigor Dimitrov

Fotografia: Peter Staples / ATP World Tour

Grigor Dimitrov contratou Dani Vallverdu no verão de 2016 e daí para cá a carreira do tenista búlgaro não mais foi a mesma. Este ano, Dimitrov conquistou quatro títulos de campeão, dos quais se destacam o Nitto ATP Finals e o Masters de Cincinnati, e terminou a época no pódio do ranking mundial, logo atrás de Rafael Nadal e Roger Federer.

Mais do que trabalhar o jogo propriamente dito — porque a qualidade do búlgaro nunca esteve em causa –, o treinador venezuelano entrou na mente de Dimitrov e preparou-a para a exigência que é uma temporada de um tenista ao mais alto nível. Ver o copo meio cheio, tirar momentos positivos de uma derrota difícil de digerir, lidar com os nervos. Dani Vallverdu é o homem que fez crescer Grigor Dimitrov, que fez cair definitivamente a alcunha de “Baby Fed”.

“O ténis é um estilo de vida. A pessoa que está fora do court deve ser a mesma que aparece durante os momentos cruciais de um encontro. O tenista que lidera por 6-3 e 2-0 pode responder de maneira diferente numa situação de 5 igual, 40/40. O jogador que encara a adversidade da forma correta é a pessoa que está acostumada a tal, que tem essa mentalidade, que está confortável sob pressão mesmo na rotina diária”, explicou Vallverdu, ao website do ATP World Tour.

Há mais de um ano e meio ao lado de Grigor Dimitrov, Dani Vallverdu sublinha que a relação entre ambos não tem qualquer sinal de desgaste. Comunicação é a palavra chave. “Durante todo este tempo, Dimitrov mantém-se tão recetivo como no primeiro dia em que começámos. Ele partilha comigo as suas opiniões e os seus pontos de vista sobre ambições e motivações. Para mim, é importante dizer-lhe a razão pela qual fazemos coisas de determinada maneira, por que treinamos oito horas diárias. Eu foco-me no cumprimento de objetivos a curto prazo e na revisão das suas exibições após os encontros”, indicou.

A final do passado domingo frente a David Goffin, em Londres, foi uma dura batalha e naturalmente teve nervos de parte a parte. Vallverdu mostrou-se satisfeito e orgulhoso com a “atitude” do seu pupilo. “Dimitrov combateu os nervos, especialmente na final, e encontrou uma maneira de ganhar. Quando ele está nos seus dias, obviamente que joga a um nível muito alto. Mas nós trabalhamos para que ele seja competitivo mesmo naqueles dias em que não está bem. Tornou-se uma questão de atitude na final e o Grigor esteve à altura”, observou.

Recuando no tempo, mais concretamente ao início da época quando Dimitrov viu Nadal sair vitorioso no quinto e decisivo set nas meias-finais do Australian Open, o treinador venezuelano admitiu que o búlgaro “ainda está um pouco magoado” com a derrota, mas explicou como é que esse momento foi superado.

“Um desaire como aquele que o Grigor sofreu diante de Nadal na Austrália pode prejudicar um jogador. Ele ainda está um pouco magoado. Esteve muito perto de alcançar a sua primeira final [num Grand Slam], pelo que foi difícil para ele digerir a derrota. Ter jogado o seu melhor ténis não chegou, mas nós transformámos a derrota em algo positivo, de certa forma. Foi algo que nos ajudou nos grandes jogos neste final de ano, isso viu-se em Londres. O Grigor começou o torneio muito pressionado, mas ele soube lidar com os nervos. De alguma forma, a derrota frente a Nadal ajudou nesse aspeto”, assegurou.

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