Murray: “As mulheres desportistas não têm tanto tempo de antena quanto os homens”

O tema da igualdade de género não é indiferente a Andy Murray. Em julho, durante o torneio de Wimbledon, o britânico chegou mesmo a corrigir a pergunta de um jornalista [ver AQUI], e esta segunda-feira, num artigo assinado no website da BBC, voltou a pronunciar-se sobre a temática.

“Nunca me propus ser um porta-voz para a igualdade das mulheres. A minha experiência em trabalhar com Amélie Mauresmo deu-me uma pequena visão das atitudes em relação às mulheres neste mundo do desporto, porque não era comum um tenista masculino trabalhar com uma treinadora, algo que me questionaram várias vezes”, observou.

Murray e Mauresmo trabalharam em conjunto entre junho de 2014 e maio de 2016. O número 3 mundial considera que a treinadora francesa não teve o mesmo tratamento dado aos homens. “Trabalhei com Amélie porque, para mim, ela era a pessoa indicada para o trabalho, não era uma questão de sexo. Contudo, ficou claro, na minha ótica, que ela nem sempre foi tratada da mesma forma que os homens que desempenham trabalhos semelhantes, pelo que senti necessidade de falar sobre isso”, esclareceu.

O árduo caminho para chegar ao topo da modalidade é igual para homens e mulheres, defende Andy Murray. “Muitas vezes, as pessoas subestimam a quantidade de trabalho que é necessário para ser um jogador de ténis de alto nível. Mas a ética de trabalho que é precisa para tal é a mesma, independentemente do sexo. Há muitas horas passadas no ginásio, no court, na fisioterapia, a viajar, a analisar encontros e adversários, a conversar com a equipa técnica, a fazer sacrifícios”, apontou.

O britânico reforça a sua ideia: “qualquer pessoa que tenha passado algum tempo com qualquer uma das grandes tenistas saberá que elas fazem esses sacrifícios e estão tão determinadas e comprometidas em ganhar como qualquer um dos melhores jogadores do circuito”.

A atenção mediática distribuída entre homens e mulheres é outro dos pontos que merece algumas palavras no texto do campeão de três torneios do Grand Slam. “As mulheres desportistas raramente recebem tanto tempo de antena quanto os homens, e ainda não há um número suficiente de mulheres nos cargos mais elevados do desporto, mas é algo que tem melhorado”.

Andy Murray congratulou-se com o facto de o ténis estar a trabalhar bem na questão do prize money destinado a homens e mulheres. “É ótimo que todos os Slams paguem de igual forma aos seus campeões masculinos e às campeãs femininas. Nenhum outro desporto está a fazer tanto quanto o ténis, e é muito bom fazer parte de um desporto que está na vanguarda. Esperemos que o ténis possa pressionar os outros desportos no sentido de fazerem o mesmo”, desejou.

Total
0
Shares
Total
0
Share